segunda-feira, 18 de julho de 2011

O Vento que Varre as Praias


O vento forte levanta a areia e afasta qualquer tentativa de gozarmos a praia neste Verão que nos brindou com um mês de Julho, péssimo para banhos de sol e amaldiçoado por quem goza as suas férias nas praias nortenhas.
Atira com as pessoas para os Shoppings e desespera quem espera o Domingo para inspirar o ar do mar e deixar que os miúdos desprendam as energias nas constantes correrias por entre a areia perto da barraca e o fim do percurso da onda que molha os pés e o rabito, quando se sentam esperando a onda já sem força, que desfalece naquelas pernitas tão tenras, proporcionando gritos de alegria em rostos tão belos das criancinhas.
Já que não se suporta o vento, que levanta a areia, goza-se a vista e a comida no restaurante virado para o mar onde se elogia os mais afoitos que mesmo com aquele levantar de areia. Armam os, tapa vento e lá se estendem ao comprido, para receberem o sol e justificarem por algumas horas os quilómetros percorridos.
As poucas barracas que resistem ao vento, sofrem grandes danos e constantemente o pano encarnado da parte de baixo levanta com o símbolo da OLÁ, em forma de coração bem reluzente. Deixando à mostra os quatro paus com que se fazem uma barraca de praia.
A primeira a contar do mar num sector de dez. Está, pasme-se, ocupada por um casal de turistas, com três pequenotes tão loirinhos que logo chamam a atenção.
São nórdicos tenho a certeza!
E com o progenitor atento, lá andam os três. Com a mais velha a rondar os seis anos e o mais novo na casa dos três, em correrias constantes por entre gritos divertidos, tentando parar o vento de braços totalmente abertos bem vincados naquelas pernitas tão tenras, que dão suporte aos corpitos onde os maravilhosos cabelos loirinhos realçam tamanha beleza.
E lá vão eles numa correria desenfreada de encontro ao mar, onde nem o vento, nem a areia que ele transporta, os impede de entrar mar dentro como quem diz, água até aos calçõezitos.
Saltam a cada onda que chega. E com isso são abençoados com salpicos de água salgada pela cabeça abaixo, o que origina gritinhos estridentes, com o mais pequenote a fugir de encontro ao pai que atento vigia a inquietude dos filhotes.
É uma beleza assistir a este cenário de três garotos loirinhos que não param.
Observo fixamente a felicidade estampada naqueles rostos, esperando as ondas chegarem até si e pulando constantemente.
Ora dando uns passos atrás, quando a onda assusta pelo seu tamanho, mas rapidamente uns passos em frente, logo que a onda já cabisbaixa regressa ao mar onde se formou. Até que o frio os vence e saindo da água já trémulos, finalmente vencidos pelo cansaço, correm em direcção à mãe, que os espera de toalha bem aberta para os enrolar e os aconchegar.
Primeiro o mais pequeno, tão pequenote que saudades. Que vontade de me levantar e pegar-lhe ao colo.
Depois a menina, cabelos compridos tão belos, que estendo a mão esticando-a trinta metros, sentindo aquele cabelo molhado tão loirinho, que desperto da sensação e observo a mãe dar asas à minha imaginação.
Por fim o aproximar do último herói. Que enfrentando o vento, a areia no ar e a água gelada que lhe cobre o corpo de tremeliques incessantes. Engatinha-se nos braços da mãe, para se aquecer e descansar de tantos saltos e correrias.
A mamã sentada no meio protegida pela barraca, carrega os três mosqueteiros colados a ela. Dois braços aconchegam os mais velhos e o pequenote escondido no regaço, formam uma bola de toalhas às cores com três cabeças loirinhas, num cenário do país das maravilhas.
Saborear uma espetada de gambas e um robalo grelhado, com feijão verde e meia dúzia de batatas cozidas no ponto de deixar água na boca partilhado a dois. Com a janela protegendo do vento incessante, perante uma visão destas. Por momentos recuei no tempo e recordei o Nuno também loirinho, com o irmão e a irmã que não eram loirinhos, nas mesmas brincadeiras e diabruras dos pequenotes bem acomodados ao corpo da mãe. Foi o expoente máximo de um Domingo mágico, mesmo com vento e sem mar para ao menos molhar os pés e caminhar, que tanto adoro.

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