sábado, 6 de junho de 2015

O mar encolhe-se na frágil Areia




Como o mar tinha razão, quando se encolheu numa calma maravilhosa para não perder nenhum gesto nosso.
Mesmo ao enrolar-se na areia, convidava a sua parceira a partilhar os nossos momentos. Enamorando-se vivamente, depois de se estender em ondas fartas de desejo.
E eram ondas sucessivas minúsculas, para não perder nenhum ruído, que os nossos desejos emitam sem impedimento.
Quando a nossa boca se encontrava os nossos lábios colavam-se, deixando que as nossas línguas se enrolassem como a areia e o mar à pouco nos mostrava.
Por momentos larguei-te e corri uns bons metros na areia húmida que desenhou as minhas pegadas.
Ficaste tristonha com cara de menina abandonada, enquanto eu me ria e apontava-te a mão para correres e a alcançares.
Não correstes, fizeste-me sofrer um pouco e pé ante pé demoraste uma eternidade para chegares ao meu pé!
Agora fui eu que fiquei com cara de menino mimado, mas por pouquíssimo tempo. Deste um salto de chita esfomeada e mataste a fome no meu colo bem abraçada.
Deixamo-nos cair na areia húmida e rebolamos até sentirmos a frescura  do mar  aconchegar-nos tão unidos.
Corremos para entrar no quarto ainda com a janela escancarada, que nos ofereceu a visão magnífica daquele mar, que nos convidava.
Encostei a porta com o teu corpo e amei-te de uma só vez. Gritamos em simultâneo num esgar impossível de controlar que abalou as frágeis paredes de pladur.  
Por fim , só o lençol nos cobre como um imenso oceano, desenhando as curvas dos nossos corpos, saciados até ao pensamento de tatuagens feitas pelos nossos momentos. Num silêncio que só descobre o bater dos nossos corações.



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