Caminhei anos a fio, agarrado à preocupação paterna
e acorrendo às ausências de quem lutava pelo conforto do lar. Saindo pela manhã
e só regressando com o jantar a esfriar.
Corria de um lado para o outro, como uma
barata tonta, acudindo à muda das fraldas e aos infantários com horários, para
me instalar às horas, na fábrica do pão nosso de cada dia.
Uma rotina infindável, com solavancos pelo
meio, que desestabilizavam o sossego tão necessário, para erguer uma família que
se construiu, do nada.
Uma parte de uma vida querida, mesmo refugiado
do mundo que corria, mais rápido do que a corrente dos rios.
Com o tempo passei a ser o elo mais fraco,
quando a vida me pregou enorme partida e rebentei como a corda que sustentou,
com tudo o que possuía, uma família.
Ficou essa enorme entrega, para continuar a
esfrega, porque a vida não são dois dias.
Hoje, bem longe da cabana erigida. Continuo a
caminhar pelas calçadas da vida.
Busco um conforto já longo, que me oferece
momentos felizes, mas que infelizmente são interrompidos, pela necessidade de
ganhar o sustento, para caminhar.
Quando volto, volto para esse conforto. Corro
para os braços do afoito, que me fazem feliz por loucos dias e que me ajudam a
superar meses infinitos.
É a busca de ser feliz, mesmo por instantes,
que em muitos dias distantes, formam um escudo importante.
Só espero que me compreenda. E me ame mais
uns anos, para por fim. Juntarmos os nossos desejos!
Sem comentários:
Enviar um comentário