Ainda mal me recompunha para pisar o chão que
tantos anos percorri, nesta cidade decorada com enormes galos ex-libris do
nosso fascínio. E depois da primeira noite agarrado aos lençóis da infância que
me restituíram um pouco do sono perdido nos dias que antecederam a partida. Dou
de olhos com um miúdo a insistir em passar o separador que resguarda acidentes
rumo à via rápida.
Equilibrava-se como uma pena. Mas, poucos
metros percorria.
E lá saltava para o passeio deixando os
automobilistas estupefactos com a loucura do jovem.
Pensava estar no país onde trabalho, recheado
de loucos de todos os tamanhos.
Mas era na minha cidade que um jovem, tentava
percorrer uns cinquenta metros equilibrado numa grade de pouco mais que dez
centímetros, tendo uns vinte metros mais abaixo a via rápida, que se tombasse
ficava esborrachado.
E o puto insistia!
Conseguia quatro ou cinco metros, mas saltava
para a berma da estrada quase se amparando aos veículos que vagarosamente
circulavam, com os automobilistas a assistir incrédulos à loucura do miúdo.
Parei por minutos incrédulo!
Ele reparou em mim que de telemóvel na mão,
tentava registar esta loucura perigosa.
E depois de mais uma tentativa em vão, saltou
de novo para a berma e levantou-me o dedo, mandando-me para os lados que todos
conhecemos.
Continuei o meu caminho atento ao miúdo que
não se cansava de tentar atravessar e já tinha conseguido metade do gradeamento.
Será que os jovens de hoje desafiam o seu
próprio destino?
Ou nós já crescidinhos, estamos conscientes que já vimos tudo neste nosso caminho!
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