sábado, 8 de outubro de 2011

Os Salpicos Que Perduram

Vivia o inicio de uma fase de anos dourados da minha juventude e acabava de conhecer uma jovem que me elevava a felicidade.
Era ainda uma garota, um pouco frágil e dependente da família, normalíssimo dada a idade e a época que atravessávamos. Que a educava no sentido de conquistar o futuro como uma via para o sucesso e assim sendo, não se podia desviar para as paixões proibidas que a podiam levar ao afastamento de um caminho perfilhado a par e passo.
Mesmo assim, quando a oportunidade surgia, lá nos encontrávamos um pouco às escondidas. E o nosso olhar mais que as palavras, descreviam tudo o que sentíamos.
Aí se fosse hoje, aí!
Era um prazer enorme estar com esta jovem, o seu perfume, a sua postura, o seu encanto. Deixavam-me nas nuvens, mesmo que esse tempo fosse tão curto, o que tornava, a despedida extremamente dolorosa.
E como eram tão curtos, deixavam uma nostalgia a raiar a dor e os próximos encontros sempre tão aguardados, mas sem dia marcado. Deixavam no ar a correria incessante para que os dias passassem excessivamente velozes. E a hora de rever aquele rosto, fosse a plenitude de uma enorme conquista.
E quando aquela mulher (ainda jovem), aparecia perante mim, todo o meu corpo se iluminava de alegria.
Mas tudo o vento levou!
 E os anos foram passando como a água dos rios em direcção ao oceano. Deixando no ar as recordações, quando os locais por nós calcorreados, surgiam na minha frente.
A vida é bela quando a gente menos espera e lá surge como quem não quer a coisa, o encontro. E verificamos, que os caminhos seguidos foram levados em linha de conta com os anos antes traçados.
Ela de sorriso vincado, feliz pelo reencontro que mostra uma realização plena sempre virada para a conquista de uma realização que ainda não tem tempo para ser total.
Eu! Em busca de novas conquistas profissionais, depois do que consegui até aqui, se ter esgotado, porque infelizmente ou não. Tudo tem um fim.
É prestigiante sentir que deixamos algo penetrado no baú íntimo, de alguém.
Nos dias que correm tudo é efémero e este reencontro mostra precisamente o contrário. A saudade de um tempo, tão puro e tão simples que, nem a beleza mais maravilhosa que a vida desponta, pode ofuscar a alegria imensa que dois jovens irradiavam naquela estonteante época.

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