domingo, 2 de outubro de 2011

O Zé do Café



Vivia desde miúdo em volta do balcão dos pais, no café da ponte.
Por lá cresceu e com os anos tornou-se o proprietário desse espaço comercial.
Vivia para o seu café e era o amparo da sua mãe.
Conhecia todos os clientes, a grande maioria vivia em redor do seu espaço e as conversas eram já tão rotineiras que brotavam como o pedido do café, da mini, ou do cigarro avulso.
Já o conhecia há muitos anos embora sem muita convivência, porque nasci e vivi, embora pouco tempo, perto do seu café. E tenho nessa mesma zona, familiares e um irmão que me levam a passar regularmente pelo café da ponte.
Mas nestes últimos meses tenho sido um cliente habitual e como tal, tenho trocado conversas com o Zé e temos criado uma ligação de respeito, de uma confiança que enquanto eu permanecesse pelas “quelas bandas”, de certeza que iriam criar laços de amizade.
Até aqui tudo normal!
Um café ainda com traços de resistir à modernidade e sendo gerido por um homem dedicado e talhado para viver por entre refrigerantes e cafés a toda a hora.
Servindo as miudezas às freguesas que acorriam ao seu mini-mercado e calmamente esperando pelo final do dia para, que logo pela manhã estivesse preparado para mais um dia.
Estranhei à uns dias atrás, quando no inicio da tarde lá entrei para o café habitual, não encontrar o Zé.
Perguntei por ele, até pensando que foi gozar umas merecidas férias. Mas a sua mãe logo me contou que uma dor repentina o fez vacilar um pouco, mas que tudo já tinha passado e era só esperar pelo seu regresso.  
Mais dia, menos dia e ele deixaria o hospital e regressaria para a sua vida normal, convenci-me eu, já que era o local, onde fazia mais falta principalmente no apoio à sua mãe, já com uns longos anos de vida, mas ainda rija para enfrentar os que se avizinham.
Só que o Zé não voltou!
A vida tem destas coisas. Prega partidas num abrir e fechar de olhos e o Zé, não mais irá estar no seu café, bem juntinho à ponte que divide as freguesias.
Foi tão rápido que duas mãos, dá para contar os dias que o Zé deixou de estar presente perante os nossos olhos.
De tão simples que ele era que, não merecia nos deixar, principalmente a quem era mais chegado, porque não fazia mal a ninguém.
Nada à, a fazer, quando Deus bem lá em cima, chama alguém para ter companhia.

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