Vivia desde
miúdo em volta do balcão dos pais, no café da ponte.
Por lá
cresceu e com os anos tornou-se o proprietário desse espaço comercial.
Vivia para
o seu café e era o amparo da sua mãe.
Conhecia
todos os clientes, a grande maioria vivia em redor do seu espaço e as conversas
eram já tão rotineiras que brotavam como o pedido do café, da mini, ou do
cigarro avulso.
Já o
conhecia há muitos anos embora sem muita convivência, porque nasci e vivi,
embora pouco tempo, perto do seu café. E tenho nessa mesma zona, familiares e
um irmão que me levam a passar regularmente pelo café da ponte.
Mas nestes
últimos meses tenho sido um cliente habitual e como tal, tenho trocado
conversas com o Zé e temos criado uma ligação de respeito, de uma confiança que
enquanto eu permanecesse pelas “quelas bandas”, de certeza que iriam criar
laços de amizade.
Até aqui
tudo normal!
Um café
ainda com traços de resistir à modernidade e sendo gerido por um homem dedicado
e talhado para viver por entre refrigerantes e cafés a toda a hora.
Servindo
as miudezas às freguesas que acorriam ao seu mini-mercado e calmamente esperando
pelo final do dia para, que logo pela manhã estivesse preparado para mais um
dia.
Estranhei
à uns dias atrás, quando no inicio da tarde lá entrei para o café habitual, não
encontrar o Zé.
Perguntei
por ele, até pensando que foi gozar umas merecidas férias. Mas a sua mãe logo
me contou que uma dor repentina o fez vacilar um pouco, mas que tudo já tinha
passado e era só esperar pelo seu regresso.
Mais
dia, menos dia e ele deixaria o hospital e regressaria para a sua vida normal,
convenci-me eu, já que era o local, onde fazia mais falta principalmente no
apoio à sua mãe, já com uns longos anos de vida, mas ainda rija para enfrentar
os que se avizinham.
Só que
o Zé não voltou!
A vida
tem destas coisas. Prega partidas num abrir e fechar de olhos e o Zé, não mais
irá estar no seu café, bem juntinho à ponte que divide as freguesias.
Foi tão
rápido que duas mãos, dá para contar os dias que o Zé deixou de estar presente
perante os nossos olhos.
De tão
simples que ele era que, não merecia nos deixar, principalmente a quem era mais
chegado, porque não fazia mal a ninguém.
Nada à,
a fazer, quando Deus bem lá em cima, chama alguém para ter companhia.
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