As ruas atulham-se de vozes estranhas.
Altivam-se
em francês, inglês, alemão e sabe-se lá o quê!
Todos descrevem as peripécias bem longe da Pátria.
Numa correria constante logo que o dia nasce. E
quando regressam, depois de longas horas de labuta constante, por entre
estradas repletas de trânsito (aumentando ainda mais o stress), deixam-se cair
no leito que serve de amparo para recuperar energias. Esperando ansiosamente
que os dias passem, até que se vai mais um ano e lhes traga a alegria de voltar
a Portugal, para num mês de férias, matar as saudades e reviver velhas amizades.
Não se calam um minuto enquanto se encostam
nas esplanadas dos cafés habituais, gabando-se vaidosamente como fugiram às
nossas desgraças neste Portugal que não vê a luz ao fundo do túnel.
Fazem questão de estacionar as bombas bem
perto dos olhares dos amigos e residentes habituais. Esquecendo-se que trancam
os carros de chinelos adquiridos nos chineses e tanguinhas que só tapam as
barrigas volumosas a preço de feira e já manchadas com o suor que os sovacos expelem
copiosamente.
Deixam correr as horas por entre fumaradas de
tabaco americano e bebidas afrodisíacas, mostrando uma qualidade de vida que
termina logo que o regresso lhes chame, para voltarem a calcorrear as ruas da imigração.
Buscam o prazer dos churrascos e piqueniques nos
montes que anunciam as romarias típicas no mês de Agosto.
Dançam e divertem-se com as bandas pimba que
submergem como toupeiras, sabendo que os imigrantes adoram terminar as noites
em refrões que falam das saudades e fazem abraçar os desejos em letras
repetidamente e exaustivamente falando de amor.
Recorrem á praia para penetrar o bronze nos
corpos massacrados pela dureza da vida, fazendo questão de soletrar a língua de
acolhimento em detrimento da língua de nascimento. Só enquanto a pequenada e não
só, obrigue a que a tranquilidade assuma momentos de fúria. E lá soltam palavrões
bem audíveis na língua de Camões, estalando o verniz, quando antes eram só iás,
voilás, vale, merci, e tank you. Por entre frases mais ou menos decoradas.
Infelizmente hoje são tantos escorraçados por
um governo que tenta não fazer da imigração (embora pensando que não o
percebemos),o esforço da diminuição do desemprego.
Os recentes saltam de país para país, já que não
assentam o futuro no primeiro que lhes dá guarida.
A verdade é só uma!
Mesmo
imigrante, é tao difícil suportar a vida bem longe de quem se devia estar próximo,
que tudo que façam enquanto permanecem uns dias por cá. É justificado na imensa
alegria em estar bem próximos de quem lhes faz feliz.
Voltem para o ano, porque quem cá fica a
amargar as medidas indignas de quem nos governa, compreende bem o que todos vós,
buscam em terras longínquas. Para ter mais do que uma bucha para alimentar os
filhos.
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