A noite abraça o descanso do corpo dorido.
Imensamente dorido que nem sente o seu
relançar no leito mal feito (lençol puxado à pressa e a almofada atravessada),
já que ainda o corpo se debate com a dureza do dia, já os olhos se fecham num
sono profundo que dura poucas horas.
Desperto ainda são horas para mais descanso,
mas o cansaço dantesco faz-lhe reavivar o despertar.
Está tao compacto que levantar uma perna é um
peso pesado.
A satisfação de saber que ainda tenho umas
horitas para voltar a dar-lhe o descanso merecido, transforma-se num pesadelo
frequente, já que as horas voam e não volto a adormecer.
Viro-me e reviro-me na cama curta.
Ouço as batidas das horas ao longe no sino da
igreja da terra.
Não voltar a pregar olho, oh…oh…
Nem contar carneiros serro as pálpebras. E o
corpo ainda está como chumbo.
Por fim lá me vou sentindo embalado pelo
apego ao descanso e mergulho nas profundezas do que resta da noite, antes que o
dia surja e….
Uma vez mais desperto com o levantar do
parceiro, uma hora antes do meu (aí que raiva), despertador anunciar o toque da
alvorada.
É sempre uma horita que me deixo ficar
quietinho.
Cada volta é empurrar o corpo pesando o dobro,
no molde que de tantos dias já deu forma ao colchão que resistiu quanto pôde,
ao seu peso a cada final de dia.
Seis e meia, toca a levantar!
Hui, que dureza. Parece que carrego corpo, colchão
e cama.
As mãos nem as consigo fechar. Os dedos
inchados impedem tal.
A viagem serve como tempo de massagem e num
abrir e fechar de olhos estou pronto para o que, der e vier.
Tantas, mas tantas horas depois, o regresso.
E a noite abraça, o descanso do corpo dorido.
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