A noite foi agitada num final de mês que
sempre deixa marcas a cada ano que passa.
Ela chega, ou não?
Ela fica ou se vai?
Ela entrega-se, ou resguarda-se na escuridão da
brisa vinda do mar ali tão perto, já a sentir os banhistas a dar-lhe o espaço
que sempre procura, para se enrolar na areia e enterrar os segredos.
Ela chegou e logo desejou pôr-se ao fresco.
A vontade de me enrolar na esplanada foi
curta demais para aquecer a bebida amarelada.
Levantaste-te noite malandra, para
regressares de onde vieste e eu deixei-me levar no teu andar irritante, fechada
num olhar sério.
Deixei-me cair sem reação, quando
já deixei de distinguir a tua sombra.
Eu já nem sei do que gostas,
noite branca, que foi como fiquei, quando dei por mim no passeio perto do
jardim.
Só sei que tenho que gritar
com todas as forças que ainda me envolvem dos pés à cabeça, para te fazer
voltar.
E gritei!
Uns gritos abafados mais para dentro de mim,
do que propriamente para chegar até ti.
Mas tu sombra de dores e amores
voltaste!
Gritei, agora sim. Para ti.
Bem perto do teu rosto, autentica lanterna que
guia os meus desejos incontroláveis.
Mas tu sombra, que tanto te
acanhas numa bola negra e silenciosa, para saltares de posição em posição. Como
te elevas pelo infinito e me amordaças os sufocados desejos.
Por fim, noite bendita. Deixaste-te
cair nos meus braços que ficaram negros e invisíveis.
Só as veias salientes de uma
força ardente, salientava-se na escuridão de quatro paredes salpicadas de
conversas incoerentes.
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