domingo, 31 de agosto de 2014

Noite que poderia ser Negra




A noite foi agitada num final de mês que sempre deixa marcas a cada ano que passa.
Ela chega, ou não?
Ela fica ou se vai?
Ela entrega-se, ou resguarda-se na escuridão da brisa vinda do mar ali tão perto, já a sentir os banhistas a dar-lhe o espaço que sempre procura, para se enrolar na areia e enterrar os segredos.
Ela chegou e logo desejou pôr-se ao fresco.
A vontade de me enrolar na esplanada foi curta demais para aquecer a bebida amarelada.
Levantaste-te noite malandra, para regressares de onde vieste e eu deixei-me levar no teu andar irritante, fechada num olhar sério.
Deixei-me cair sem reação, quando já deixei de distinguir a tua sombra.
Eu já nem sei do que gostas, noite branca, que foi como fiquei, quando dei por mim no passeio perto do jardim.
Só sei que tenho que gritar com todas as forças que ainda me envolvem dos pés à cabeça, para te fazer voltar.
 E gritei!
 Uns gritos abafados mais para dentro de mim, do que propriamente para chegar até ti.
Mas tu sombra de dores e amores voltaste!
Gritei, agora sim. Para ti.
 Bem perto do teu rosto, autentica lanterna que guia os meus desejos incontroláveis.
Mas tu sombra, que tanto te acanhas numa bola negra e silenciosa, para saltares de posição em posição. Como te elevas pelo infinito e me amordaças os sufocados desejos.
Por fim, noite bendita. Deixaste-te cair nos meus braços que ficaram negros e invisíveis.
Só as veias salientes de uma força ardente, salientava-se na escuridão de quatro paredes salpicadas de conversas incoerentes.

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