segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Ou ela ou Eu!




Libertei-me de casa, farto de estar resguardado em quatro paredes.
Apanhei o autocarro das onze e vinte e quatro, levando-me à cidade.
Gastei uma pipa de massa, mas gozei com tanta graça.
Almocei, no turco de barba pomposa. Amável como sempre, esperando que eu desse ao dente.
Não consome álcool, mas vende para quem não passa sem uma bejeca, no seu botequim, a cheirar a nós moscada.
Fiquei farto de tanta carne e cebola, com molhos a babar-me os lábios.
Assisti à chegada dos ciclistas numa prova que já é o ex-líbris da cidade.
Possuíam bicicletas, mais caras do que o carocha que quero oferecer ao filho, para ganhar a vida pelas ruelas do Distrito.
Metade das ruas do centro, estavam impedidas ao trânsito por isso, passear e admirar este folclore de bicicletas a chegar com palmas dos familiares, era a gritaria citadina, que me retinha.
Somos turistas ao domingo e durante a semana, imigrantes amortalhados no trabalho.
Afoguei-me em despesas e por fim, jantei no restaurante da praça principal do império da valsa.
Eramos três pífaros e libertamos tantas gargalhadas que fizeram colocar no seu lugar, três garotos que não deixavam os pais jantar à vontade.
A primeira garrafa de tinto austríaco, pouco aqueceu a vontade de libertar o aperto que a ansiedade ameaça invernar.
Mas a segunda, de colheita de dois mil e dez, aqueceu os corações e levou os euros, que restavam da semana destinada.
Mas não levou a alegria.
O restaurante encheu-se de cantoria portuguesa, ouvindo-se tão perto os sorrisos dos presentes, que alguém ofereceu uma garrafa igual e o folclore misturou-se com a valsa. E as gargalhadas entoaram pelo espaço, com paredes de pedra maciça e o tecto talhado, com figuras míticas.
Mas a noite ainda era uma criança e numa esplanada tão perto da enorme montanha, tomou-se o café e ouviu-se musica latina.
Noite bem fresca e escura.
 As montanhas escondem a lua e os insectos que ainda resistem, fazem tudo para furar o calor do nosso entusiasmo.
Mas a nós nada nos pára!
Cantamos, dançamos, bebemos e namoriscamos!
Não tirávamos os olhos de turcas e húngaras. Austríacas e sérvias.
Loiras e morenas. Com véu, ou de tangas minúsculas.
Umas já de olhar conhecidos. Outras de curiosidade apetecida.
E a noite, acabou já as doze badaladas se extinguiam para lá das montanhas e só na minha caminha, ainda no meu cérebro reluzia: “ ou ela, ou eu?
E foi no que deu!

Sem comentários: