quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Os Deputados e as Escapadelas do Hemiciclo



Ser deputado é um privilégio ao alcance de poucos, dado que a maioria assenta arraiais no hemiciclo, vindos de listas pré fabricadas com nomes mais ou menos aconselhados pelos manda chuvas do partido (tirando os históricos banhados em muitos anos de apego á causa e ao que dela usufruem, com intervenções regulares). Onde um grosso da maioria do povo, nem conhece e nem quer perder um pouco de tempo em saber quem são os deputados que poderão ser eleitos do partido em que vão votar.

Ser deputado é ser portador de regalias financeiras. São bem remunerados, com ajudas de custo para custear deslocações quanto mais longe mais gratificantes, mesmo tendo residência perto do local do parlamento. E em alguns casos (sempre bem justificados pela ajuda dos colegas ligados à questão) abrangendo a família.

Regalias sociais. É sempre prestigiante ser deputado. Na minha pequena cidade existem dois, são cicerones em tudo quanto é evento social cá na terra. São bandeiras arremessadas na sinalização de um favor ou de uma cunha bem metida nos anais da minha sociedade regional. Não chegam para todos, mas favorecem quem é amigo, ou amigo do amigo.

Só que uma grande maioria dos nossos deputados, passam os seus mandatos para que foram eleitos, numa grande e insuportável seca. Ocupando a sua cadeira com o jornal em frente. Deixando correr as horas que não passam, a ler e reler o jornal e acredito depositando toda a sua energia, no descobrir a maneira de desvendar os passatempos que em muitas secções deve ser a única satisfação, que os envolve.

Ou então como é apanágio, murmurar a frase vezes sem conta “muito bem”, contornando a boca na entoação para que o líder da sua bancada sinta que o rebanho está junto, atento e unido.

Aquando das interpelações dos seus colegas. Abanando a cabeça num gesto de negação e sorrindo de orelha a orelha, na altura que o seu partido é confrontado com provas de anos atrás, mas que eles mostram desse modo que a defesa é sempre com os mesmos argumentos.

E são forçosamente abrangidos pelas escapadelas dos fins-de-semana, de semana curta no desempenho das suas infindáveis secas dentro do parlamento.

Em situações de normalidade essas escapadelas nem se fazem notar! A televisão não passa pelo hemiciclo e assim sendo o telespectador não se confronta com as despidas bancadas dos partidos, mais parecendo as bancadas dos jogos de futebol no Restelo.

Acontece que desta vez foi difícil de esconder a debandada dos deputados e ainda por cima quando estava em causa a votação da avaliação dos professores, que tanta celeuma originou e ainda origina, correndo todo este processo em carris oscilantes autentica linha do tua, onde os professores (sindicatos) tudo arriscam mesmo podendo serem lançados no abismo e o Ministério continuar, com razão ou sem ela, desafiar as íngremes encostas da aflição.

Mas os nossos deputados, dos quais a maioria do partido da oposição, que aproveitou essa guerra professores/ministério da educação, para tirar dividendos no ataque ao governo. Foram os que mais faltaram, inclusive grandes figuras do partido, que em ocasiões não muito distantes assumiam responsabilidades nos destinos do nosso país.

Deram-lhe a eles próprios, tolerância de ponto. O sol do Algarve convidava a esticar um pouco o cabedal, para um pouquinho de sol, batendo nos estômagos bem regados, ou no cérebro para aliviar o stress, da crise séria que alguns desesperados com o seu dinheiro que depositado nos bunkers das ilhas paradisíacas, voaram para local inacessível (tipo papagaio de papel quando o garotito deixa fugir o cordel) devido aos bancos falidos.

Ou mais popular e centro de toda a informação! A neve que caía, como chuva miudinha, nos locais mais altos do nosso pequeno cantinho. Levou alguns a proporcionar aos filhotes o encontro com a nossa neve que há alguns anos não nos brindava com tanta intensidade.

Só que essas faltas foram escalpelizadas pela comunicação cá do burgo, até á exaustão. Alimentou jornais, televisão, debates, bloggs e as celebres conversas de café do povinho que toca a desancar nos deputados e com razão, que conseguem manchar ainda mais o prestígio já de si nas ruas da amargura.

Procurou-se justificações cara a cara com os faltosos. Todos eles fugiam a sete pés dos holofotes da ribalta, depois de serem chamados a capítulo pelo partido, fechados a sete chaves no gabinete da concórdia.

Nos dias que se seguiram lá surgiram as poucas justificações e quase todos elas delirantes levando o mais simples cidadão a desconfiar do injustificável.

Procurou-se como sempre proteger os mais famosos. E como esses já são velhas raposas da politica entravam por uma porta e zás a fuga por outra, fintando tudo e todos, (mais parecendo o Cristiano nos celebres ziguezagues que lhe valeram o paraíso futebolístico do ano). Sobrou para os mais desprevenidos que lucravam mais estando quietinhos no seu canto a invernarem no aconchego da lareira e não mandarem cá para o adro dos esfomeados jornalistas desculpas esfarrapadas, como a dizer “não olhem para o que eu faço, mas sim para o que eu digo”. Pondo em causa e brincando até, com o cada vez mais caótico dia-a-dia dos portugueses, sem amarras de sustentação para proporcionar uma qualidade de vida, que esta malfadada crise sanguessuga, teima em chupar até aos ossos.

O sistema implantado tipo doutrina partidária de levar cegamente os deputados a seguirem este catecismo politico, leva à imagem do deputado como uma mera figura decorativa do parlamento (salvo as excepções), que forçosamente desgasta o próprio deputado e o alheamento cada vez mais vincado por parte da população Portuguesa.

1 comentário:

Pequenos Lusitanos disse...

Somos um grupo de pessoas com uma característica comum, a baixa estatura, devido à deficiência que temos, nanismo.

Pretendemos unir esforços no sentido de chegarmos a mais pessoas como nós, para isso precisamos do teu testemunho
!
Através desta página e com a vossa participação, será possível debatermos ideias, criarmos grupos de auto-ajuda prosseguindo objectivos de recolha e partilha de informação.

Depois… quem sabe, constituir uma associação que nos represente.

Junta-te a nós e divulga!