segunda-feira, 18 de abril de 2011

Onde iremos Carpir as Lágrimas


Será que temos a noção do que nos aguarda nestes próximos tempos!
As notícias são as piores possíveis agora que a bomba rebentou nas mãos dos portugueses.
Os fragmentos vão deixar sequelas incuráveis em muitos e o remédio para as atenuar é um deambular rotineiro sem rumo, num futuro de subir e descer, a encosta de uma degradação física e psicológica lenta.
A crise social vai arrastar problemas gravíssimos e assistiremos a macabros acontecimentos. Que hoje serão notícia, mas no dia seguinte será o habituar, porque irão suceder uns atrás dos outros.
O desemprego irá acentuar-se.
Os bens essenciais irão aumentar, abrindo mais a boca de espanto e fechando-a numa dolorosa resignação.
O dinheiro que nos vão emprestar pela ajuda de mão estendida, única solução depois de se esconder a realidade num assombro de crueldade. Será uma grossa fatia, exclusivamente canalizado para tapar os buracos das empresas públicas, com milhões acumulados já não havendo cheta para pagar os ordenados a curtíssimo prazo.
Tenta-se deste modo salvar algo que foi construído sem pensar nos anos que agora batem à porta violentamente e logo por pessoas que todos pensávamos capazes em fazer andar sob carris, ou sob asfalto sem lombas, o desenvolvimento do país.
Pessoas irresponsáveis, agarradas ao monopólio dos bolsos cheios. Onde o mais difícil era encontrar um que continha a nota de mais baixo valor e lá vai as malas a abarrotar de bónus para os magníficos gestores, todos escolhidos a dedo, das mãos estendidas de amigos de longa data. Que enchiam a pança de guloseimas açucaradas e azedavam perigosamente as empresas estatais ao ponto de não haver já pecúlio, para abrir as portas a curto prazo.
Mas como não se chama à razão os responsáveis por esta catástrofe chamuscada de corrupção. Eles continuam a dirigir os nossos destinos dentro dos seus partidos, de sorriso de orelha a orelha, com os mesmos a ocupar os primeiros lugares das listas a deputados. Porque sabem que os portugueses sabem, que não à volta a dar e lá estarão: uns a dar a cara, com os outros a guardar-lhes as costas e como se nada fossem com eles, apregoam até perderem a voz. Que são a única esperança de um povo resignado a ser passadeira de passagem a políticos sem engrenagem.

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