quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Uma Mão atrás da Outra bem Firme,


Abri os olhos repentinamente para acreditar no sonho que acabava de assolar a minha mente. Acho que levitei com o desenrolar do mesmo, tamanha a verdade com que me surgiu, por entre um sono que até não estava a cumprir a sua obrigação de me relaxar como é a sua obrigação.  
E olhando o tecto branco do quarto bem grande, mas não largo, pus-me a rever as imagens que largos momentos ocuparam a minha mente.
E então vi uma enormíssima massa humana portuguesa e não só, de todos os pontos, mesmo naqueles onde só vivem meia dúzia de idosos, insurgirem-se contra as medidas terríveis que nos violam diariamente.
E numa cadeia, que se iniciou quando eu num gesto simples, estendi a mão, não para pedir algo, mas para amarrar a que estava mais próxima. Por agradável coincidência uma freira, por sua vez, a estendeu à irmã mais próxima e essa irmã à outra…. E chegou ao Prior, que considera todos filhos de Deus, que a estendeu ao sacristão. Estantes depois, toda a gente que assistia à Celebração da Eucaristia, pedindo acredito eu a todos os santos, que foram homens e mulheres para iluminar o caminho da salvação nacional. Se unia num apertar de mão que não se resumiu à Matriz e como autêntico tentáculo guiou-se pela porta de entrada e logo apanhou uma mão que entretanto numa de turista visita o templo, que logo assumiu a da companheira, de cajado na mão pronta a iniciar os caminhos de Santiago.
E calcorreando as ruas estreitas da cidade velha, encontrou bem perto dali a Câmara Municipal e como por artes mágicas, a mão guiadora ainda livre colou-se à do Presidente do Município, sentindo um calor (o homem é quente dos pés à cabeça) e que calor, firmando a certeza, num aperto de confiança, que o subsidio seria entregue a todos na totalidade. E com isso mais mãos de todos os funcionários felizes da vida pela confirmação de tamanha noticia, se acotovelavam para engrossar o dar a mão.
Lá seguiu uma mão atrás da outra bem firme, num cordão já sem oposição para o rebentar. A força já era colossal que rebocava qualquer petroleiro ameaçando uma catástrofe ambiental. Partindo para fora da cidade, encontrando o Campus Universitário, a abarrotar de estudantes sedentos de ajudas, que logo ao primeiro que estendeu a mão. Logo dezenas deles estavam ligados como elos de correntes inquebráveis, que apoderaram-se das mãos dos professores descontentes pelos cortes inerentes e funcionários impacientes pelos contratos a prazo ainda pendentes.
Mas a corrente ambicionava mais muito mais!
 Galgou Concelhos apinhados de desempregados desesperados por trabalho que não existe, são milhares e milhares que deram uma amplitude tal, que se formou um anel do tamanho do mundo, que se avistava do espaço, via informação da estação espacial da NASA. Para tolher os movimentos daqueles que de uma maneira ou de outra, fizeram com que o país navegasse nestas ondas revoltas que estão a despedaçar e a espalhar as desgraças como um vírus contagioso.
Por fim, depois de dar a volta a um país entrelaçado num estender a mão sem fim, cercou o Hemiciclo, no debate quinzenal, onde lá dentro se debatia o mesmo do costume. Com a oposição a interpelar contra as medidas gravosas, mas sabendo de antemão que tudo ficaria como antes (fraca oposição, o umbigo deles é mais importante que o cordão umbilical que asfixia o povo). E o governo (mas que governo, a cada dia que passa, sempre pronto a anunciar desgraças), até se ria que desplante!
Ao mesmo tempo que repetidamente apregoava como alertas religiosos: não há dinheiro, não há dinheiro.
A segurança entretanto chamada para proteger o Hemiciclo, eram polícias descontentes sem papel higiénico para limpar o alívio ainda sem imposto. Mas com armas ferozes, sejam de dentes ameaçadores de animais treinados para o efeito.
Ou armas prontas a disparar a qualquer leve movimento. Pensavam fazer frente à marcha em constante movimento, ligadas por mãos coladas firmemente por convicções prementes.
Nada mais lírico! Tudo foi derrubado, como se um enorme muro de Berlim se tratasse e o Hemiciclo veio a……………
Abri os olhos repentinamente para acreditar no sonho que acabava de assolar a minha mente.   


  

  

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