São horas
do treino e a vontade dos garotos é enorme.
Depois
das férias lá se encontram, num molho de jovens que logo que o professor dá
ordem, correm em volta do pavilhão para aquecerem e assim afastam o frio que
dentro do pavilhão é de rachar.
De um
lado estão as miúdas, já crescidas numa mistura de treze anos e roçando os dezasseis.
Do outro,
os rapazes. Mais novitos não passam dos catorze, mas muitos deles só com duas mãos
cheias.
Executam
os exercícios banais, antes de iniciar o treino com bola.
Para o
Duarte é o inicio do basquete em força, depois, do problema da tendinite no
polegar debelada, que o afastou mais de um mês e neste momento pronto para
fazer aquilo que mais gosta.
São vinte
garotos! Olho para cada um deles e imagino, ali grandes sonhos.
Uns já
envergam camisolas das valentes equipas como os Lakers e outras que não conheço,
também não sou entendido neste desporto. Com o nome do seu ídolo bem visível nas
costas.
Usam acessórios para segurar o cabelo e
embelezam os pulsos com fitas com o logótipo de grandes marcas desportivas. Todos
eles respiram vontade em fazer o cesto a cada iniciativa individual e regressam
ao seu lugar com um sorriso nos lábios de satisfação. Quem o não conseguir tem
que encher três vezes, muitos deles não levantam o rabo do chão, aproveitam-se
do professor estar de costas.
Quando
é treino sem pressão tudo corre bem e a grande maioria encesta e se o resultado valesse, a centena era uma certeza.
Retenho-me
uns minutos nas garotas. Treino mais durinho com jogadas ensaiadas e todas
dando o melhor para salvar o cesto, ou para que o mesmo entre.
Curioso:
todas elas têm cabelo comprido, levando-as a usar uma fita para o segurar. E lá
anda o cabelo a saltitar de um lado para o outro, para cima e para baixo.
São bolas
e mais bolas a saltitar num matraquilhar constante. E se juntarmos perto de
cinquenta jovens, em constante movimento, recebendo bolas, entregando bolas. Temos
um barulho estridente de deixar a cabeça à roda a quem assiste ao treino.
Agrupam-se
dois a dois e os que deixam encestar, dão lugar ao próximo duo. Ficando os
gloriosos sorridentes e festejando num toque de mão, prontos a enfrentar quem
rapidamente os quer derrotar.
Por fim o fim do treino.
Hora e
meia num constante bater da bola, terminando num cesto, que obriga a uma
ligeira ou não, elevação, consoante a altura de cada um. Ou num rodopiar no
arco, que caprichosamente não entra, deixando um esgar de desilusão. E alguns deles já com o cansaço estampado,
ficando a um palmo do mesmo.
Depois
de uns largos minutos em amena cavaqueira, onde os mais eficazes e também os
mais valorosos miúdos, realçam os cestos aos menos capazes e também mais
infelizes. Deixam o balneário rumo a casa, agasalhados dos pés à cabeça,
prontos a devorar a refeição já que o desgaste abriu brechas nos estômagos e a
fome fala mais alto que a altura do cesto entretanto mil vezes alcançado.
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