domingo, 7 de outubro de 2012

Derruba-se um Outro Surgirá



Comemorou-se há dias a reunificação da Alemanha depois de vários anos em que um muro infinito de lamentações dividia um país.
 Transformando-o, num joguete de testas de ferro, no auge da guerra fria que enregelava meio país, deixando-o à mercê das ideologias comunistas soviéticas, com os resultados que todos conhecemos.
Hoje foi-se o muro ainda bem vivo na lembrança de todos e fundiu-se novamente um país, ainda que apesar dos intensos esforços para apagar as memórias físicas, haja resquícios de tão cedo não se apagar, anos intensos de divisão humilhante.
Mas um país com esta grandeza, que fez das tripas um enorme coração, cedo reparará os buracos negros que a história registou para a posteridade.
Enquanto um agrega o que o forçaram a dividir, depois de actos loucos dos seus líderes.
Outro tão pequenino e plantado à beira-mar, divide a olhos vistos meio país numa guerra psicológica, com medidas destruidoras sociais, que já não ameaçam. Mas sim, destroem: Famílias inteiras, deixando chagas profundas, que levarão uma eternidade a recuperarem o músculo que dará novamente a força, para pedalar rumo ao futuro.
Um muro que se iniciou rente ao solo, numa espécie de socalco onde poucos se deram ao trabalho para se interrogarem, o porquê de ali aparecer. E como bom português que somos, levantamos um pouco o pé e lá se passou para o outro lado, deixando bem vincado, que o ultimo que chegasse fosse o primeiro a lamentar-se.
Os lamentos não se fizeram ouvir e então o muro num abrir e fechar de olhos, chegou ao nível da cinta e novamente como bom português que somos, é só apertar o cinto e tudo se resolve, porque o importante é viver cada dia.
Por entre Futebol, Sol e rezas a nossa senhora de Fátima. Deixamo-nos levar e o muro chegou ao nível do pescoço, barrando-nos a passagem a tudo a que tínhamos acesso à mão, muito tempo!
Agora com a vista tapada pela sombra gelada do muro cada vez mais alto que ameaça tapar o sol, aquecendo logo que a porta de saída era o início do caminho para o pão nosso de cada dia. Berramos a plenos pulmões para nos restituírem a luz luminosa que nos alegrava cada dia.
Para isso, encostamo-nos ao muro para que dez milhões (ou oito, já que os restantes, tem balões de ar para se elevar e transpor qualquer muro que apareça), de peito feito com o ar que ainda resta, tentar derrubar quem: munidos de falsas promessas e discursos brotando aromas de alecrim. Nos transformou em Cristo, que leva um valente murro no queixo esquerdo e se prepara para oferecer o do lado direito. Para não acabarmos de braços esticados crucificados no muro das nossas futuras terríveis lamentações.

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