A chuva afastou toda a gente das últimas
bebidas do ano, enquanto se desejava umas boas entradas para o ano que aí vem.
De facto o dia está péssimo, não deixando ninguém
sair á rua, para as ultimas compras de um fim de ano a pedir clientes, para as variadíssimas
iniciativas por esse país fora. E praticamente reduziu ao fiasco as que tinham
o ar livre como rampa de lançamento para a entrada do ano que todos temem.
Lembro-me de neste dia que antecedia a
viragem do ano, juntar-me com os amigos e curtirmos a azafama da baixa citadina
cá do sitio e por entre os copos de porto, fazermos um balanço do que mais deu
nas vistas no ano que estava a dar as ultimas e era um pagode, quando nos lembrávamos
das acrobacias mulherengas que fazíamos para sacar um rabo de saia.
Bons e velhos tempos!
Camaradagem de oferecer a manta a quem tinha
frio.
De partilhar
a casa de férias com quem tinha menos posses.
De galgar estradas para passar o fim de ano,
com o carro do pai, já que carros nossos era um luxo e os pais dos menos afortunados
só tinham a motoreta e aí de quem pegasse nela.
De empurrar a irmã da namorada para de uma
enfiada namorarmos como uma irmandade.
De esperar que os tios do bolinhas,
adormecessem nos braços um do outro para ele saltar a janela e pular para a diversão.
De nos encostarmos no muro do Lamela em
noites quentes de verão e por entre cigarros cravados aos que já trabalhavam,
abraçarmo-nos já quentinhos pelas cervejas e prometermos que seriamos inseparáveis.
Hoje cada um vai passar este ano onde bem
entender, juntando as famílias a seu belo prazer e eu já me preparo para
reencontrar familiares que percorrem a Europa em busca do trabalho que lhe
retiraram neste país já sem faróis para guiar o povo rumo à gloria.
Reencontrar familiares com a árvore das
patacas plantadas nos beirais da piscina ao ar livre.
Reencontrar familiares com o credo na boca,
já que o orçamento encolhe a cada dia que passa.
E todos juntos no quentinho da enorme lareira
que a espaçosa casa oferece. Iremos nos divertir e beber uns copos para afastar
o mau-olhado que este novo ano parece carregar.
A partir de amanhã logo se verá!
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