sábado, 21 de junho de 2014

Caminho Abafado





Está calor no monte do túnel.
Estão 27 graus e chove com trovões á mistura.
O homem fura as entranhas, fazendo um extenso buraco que encurta as distâncias entre populações, levando o comboio como um enorme abraço a unir três regiões.
Túneis longos, com curvas que fazem indicar que não tem fim. Mas bem no fim lá está a luz do dia a abrir as suas portas de par em par.
Túneis em bruto, com fantásticos desenhos deixados pelas colossais máquinas que os esventraram constantemente. Tendo como mira o local certo. Evitando estou em querer, enormes atentados ao ambiente.
Túneis que serão lapidados como rubis, através do betão e da inteligência humana. Dando-lhe um aspeto airoso, iluminado pela luz que mudou o mundo.
Quem lá entra não se molha nem transpira pelas encostas da moleirinha.. É a frescura do verão (que agradável sensação).
Mas no inverno é humidade que até despedaça os ossos. E grossos pingos de chuva como pendulo a marcar o tempo, sem caleiros visíveis para desviar a molha.
Túneis escuros enquanto ganham forma. Só com cesto articulado se sobe ao cimo para descobrir as fendas da natureza.
Reveste-se com tela impenetrável. Termina-se com betão levado pelo carro de lado a lado.
Não á montanha que resista ao progresso para unir mais os povos.
Sejam pontes que atravessam os vales.
Sejam túneis que esburacam sem ser um mal menor.

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