Pela manhã procurei a praia tão perto da casa
que em dois passos já chapinhava na água.
Dei de caras com um arquiteto de figuras na
areia, com um dom apreciável, para moldar a areia húmida e esculpir feições
históricas.
Tempo não lhe faltava. Por isso aproveitava, para recorrer à generosidade
de quem admirava sensível arte.
A praia para mim estava tão longe e neste
preciso momento está ao alcance de um olhar.
Que sensação aliviar os pés na água fria do
mar, sentado na rocha descoberta pela maré baixa. Deixando-me estar até sentir
os arrepios inquietos, que já subiam para lá dos martirizados joelhos.
Já o dia avançava, tornei a lá voltar.
A praia estava atafulhada de banhistas.
Não havia espaço para estender a toalha e apanhar
os restos de sol que a tarde já levava para lá dos montes, bem acima desse
espaço que o mar esculpiu e ofereceu duzentos metros de uma praia maravilhosa,
que o homem por sua vez deu beleza e comodidade.
Torno a dar umas passadas pela água fria para
me atrever a mergulhar.
Vou e venho levando com a onda minúscula nos
tornozelos, onde as veias são já bem visíveis, devido ao esforço de anos
contínuos a não poupar os pés.
Nisto a praia é libertada do povo que se
acotovela bem junto às paredes que a revestem.
E alguns minutos depois dá-se a corrida de
cavalos, numa pista em areia molhada. Que a maré deixou bem alisada, depois de
baixar para lá das boias de segurança.
Em
duas voltas cavalos e cavaleiros tentam mostrar quem é o primeiro.
Existe só um obstáculo pelo meio e quem
souber dominar bem o cavalo é de certeza o primeiro.
Dois a dois lá se vão encontrando os
vencedores e claro, será aquele que fizer o percurso em menos tempo. E não
adianta receber as palmas de vencerem o opositor que lhe caiu em sorte. No
final, será aquele que cortou a meta mais rápido que todos os restantes.
O povo vibra e eu fico de olhos arregalados
perante este espetáculo de cavalos e cavaleiros, disputando serem os primeiros.
Tão perto da água, como tão junto da areia solta.
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