Estou
fechado em quatro paredes, porque sair nem pensar.
O vento é de tal ordem que me obriga a andar
uns metros sem sentir o chão que devo pisar. Ainda tentei caminhar.
Equipado com a roupa mais quente que a mala
pôde transportar. Só consegui chegar ao café, depois de ser bombardeado com
folhas, pequenos ramos e sei lá mais o quê!
Para voltar escolhi o abrigo dos prédios. Qual
animal protegendo-se da força da Natureza.
Pela manhã ainda consegui juntar-me aos
inúmeros curiosos, que como eu, viam bem de perto a romaria de São Martinho.
Dezenas
de bancas, davam belo colorido pelas principais ruas da vila. Artesanato local,
doçaria regional e enchidos de porta a porta. Eram um regalo para os olhos e
estômago, mas elevados para carteiras a necessitar do vencimento.
Os melhores exemplares de pastagem que povoam
as ingremes encostas da montanha, que se perde de vista. Esperavam pacientes
que o júri votasse no melhor queijo que o seu leite produzia.
Cabras, ovelhas, vacas e até um javali. Já
fartos dos putos lhes acariciarem os cornos, não viam a hora de regressarem à
erva fresca ali tão perto.
Brinquedos
para os miúdos.
Bolsas,
carteiras, óculos de marcas suspeitas. Enchiam os passeios.
Gorros, botas, luvas e mais adereços. Feitas à
mão pelos descendentes dos Incas, faziam parar o povo para agasalho do inverno
que já se alojou.
Bela romaria que pouco durou!
O
vento ameaçou e não tardou a levar tudo pelos ares e acompanhado da chuva.
Obrigou a uma correria desenfreada.
Em pouco tempo a vila, voltou, à pacatez que a
caracteriza.
Por isso foi-se a romaria e estou aqui
fechado, ouvindo a fúria do vento. E a noite não tarda.
E
que noite!
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