sábado, 15 de novembro de 2014

O vento Terminou com a Romaria





Estou fechado em quatro paredes, porque sair nem pensar.
 O vento é de tal ordem que me obriga a andar uns metros sem sentir o chão que devo pisar. Ainda tentei caminhar.
 Equipado com a roupa mais quente que a mala pôde transportar. Só consegui chegar ao café, depois de ser bombardeado com folhas, pequenos ramos e sei lá mais o quê!
 Para voltar escolhi o abrigo dos prédios. Qual animal protegendo-se da força da Natureza.
 Pela manhã ainda consegui juntar-me aos inúmeros curiosos, que como eu, viam bem de perto a romaria de São Martinho.
Dezenas de bancas, davam belo colorido pelas principais ruas da vila. Artesanato local, doçaria regional e enchidos de porta a porta. Eram um regalo para os olhos e estômago, mas elevados para carteiras a necessitar do vencimento.
 Os melhores exemplares de pastagem que povoam as ingremes encostas da montanha, que se perde de vista. Esperavam pacientes que o júri votasse no melhor queijo que o seu leite produzia.
 Cabras, ovelhas, vacas e até um javali. Já fartos dos putos lhes acariciarem os cornos, não viam a hora de regressarem à erva fresca ali tão perto.
Brinquedos  para os miúdos.
Bolsas, carteiras, óculos de marcas suspeitas. Enchiam os passeios.
 Gorros, botas, luvas e mais adereços. Feitas à mão pelos descendentes dos Incas, faziam parar o povo para agasalho do inverno que já se alojou.
 Bela romaria que pouco durou!
O vento ameaçou e não tardou a levar tudo pelos ares e acompanhado da chuva. Obrigou a uma correria desenfreada.
 Em pouco tempo a vila, voltou, à pacatez que a caracteriza.
 Por isso foi-se a romaria e estou aqui fechado, ouvindo a fúria do vento. E a noite não tarda.
E que noite!

Sem comentários: