Ainda
estico o corpo quando ouço o relógio de parede, badalar nove vezes.
A
chuva bate na janela, já gasta pelos longos anos sem lhe dar uns mimos de
brilho.
Por
isso o frio que já se sente, não tem resguardo para que não se infiltra pelo
quarto acanhado.
Sabe
tão bem, sentir a chuva enrolado na roupa que recorda a infância.
Uma
hora depois estou na rua necessitando de um café e alegre porque o sol não tarda
a surgir.
Ele
ai está!
Mas
é sol de pouca dura. Um verão de são martinho. Com castanhas e vinho ainda a
fervilhar de novo, baloiçando com os intestinos.
As
nuvens bem se esforçam para lhe tapar o trilho.
Não
adianta porque o sol ainda tem força para derrubar quem se cruza no seu
caminho.
Fecho
os olhos e inspiro o seu calor.
Que
delicia. Que fofo.
O
dia vai a meio. O sol sabe que só lhe resta umas horitas para deitar os
cornitos de fora.
E
eu aproveito num recanto onde ele alimenta as minhas emoções e emproa as
plantas dos vasos que decoram as vinte escadas. Cada uma delas com o seu mistério
Um
pouco mais tarde ele (o sol), que tantas saudades vai deixar, neste Inverno. Ameaçando
chuva, vento e humidade até estalar os ossos. Desaparece numa imensidão de
nuvens negras, que segundo a meteorologia não tardam a descarregar água,
inundando as ruas e soltando as amarguras de um povo amarrado às tristezas da
vida.
Sem comentários:
Enviar um comentário