Domingo das dúvidas constantes.
Acordo depois de me recolher bastantes horas,
bem cedo.
O silêncio paira na rua e caminho tão só, que
me espanta tanto sossego.
Fartei-me de fazer sempre o mesmo e decidi
descansar o bastante, já que a idade não perdoa para dias constantes de
trabalho aturado.
Fartei-me de ver sempre as mesmas caras e de
sair sempre com os mesmos gajos.
Por isso escolho o meu canto para cantarolar
ao meu modo.
A mim nada me diz ofertas fáceis que o
dinheiro compra.
Pobreza de espírito que a vida vai acentuando
e as horas vão vincando, para que a madrugada se vá e o dia nasça, num berço
mascado de rugas imensas e de prazeres nojentos.
É isto que os outros transportam numa
felicidade aparente, que só dura momentos e os afunda ainda mais, na nostalgia
da saudade.
“A tua força já vi, é mais pequena que a minha. Não
consegue ir mais longe justamente que momentos. Desejas muito pouco para ti!”
Disseram-me isto da última vez que estive com alguém, num
bate papo farto de gestos já que a comunicação é ténue num alemão misturado com
italiano e espanhol. Mais o português, que não larga em saudades profundas.
O pouco para mim é muito para quem está comigo,
respondi numa expressão de deixar aterrada, quem besuntava o corpo para sacar o
seu valor.
Não anseio corpos. Não desejo facilidades em obter
prazer sintético de pessoas mergulhadas em álcool.
Não desejo apertos de mãos de pessoas que só desejam
que lhes despeje os euros tão custosos em ganhar.
Porque o pouco para mim, sei com toda a certeza será
muito para quem está comigo. Porque quem está, de certeza que está apaixonada
pelo meu carácter e pela minha alegria em estar com ela!
Posto isto, vou preparar o almoço já que hoje é
domingo e tenho tempo de caprichar.
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