segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Estou tão longe do meu País




Mais um voo depois de uma hora de atraso em virtude do nevoeiro cá no Porto, impedir a normalidade das aterragens.
Venho triste e desapontado comigo próprio.
Vou ter tempo para até ao Natal dar um abanão à minha consciência e aceitar a tão nítida evidencia.
Bem no alto ainda saboreio o sol numa vista magnifica sob a janela bem próxima.
Sol que me recebeu nestes dias numa oferta em que o meu país é fértil. Aquecendo o meu corpo sedento de calor amoroso.
Como as verdades vêm ao de cima, quando escondemos encontros virtuais de amigas sabendo que do outro lado existem sempre os tais amigos.
Onde uns podem ser filhos da mãe e outros filhos da puta. Como tal parte-se a louça toda em explosões de enorme fúria.
Neste momento sobrevoo Espanha já tão alto como a raiva que me invade.
Ainda bem que o serviço de bar já circula pelo corredor estreito. E uma cerveja geladinha, vai aliviar a revolta de ser sempre o mau da fita.
Foram dez dias onde o sol fez valer os euros não ganhos. Mesmo com encontros rocambolescos de fazer andar a cabeça à roda.
Uma hora de viagem com o céu bem próximo e as estrelas a aguardar visibilidade, só surgindo quando aterrar na Holanda.
Espanha ficou para trás e com ela, as superstições que de lá surgem.
Ainda bem não penso casar novamente. E de ventos ainda se sentem levemente.
Acompanho a cerveja bem fresquinha com amendoins que me fazem recordar as esplanadas contemplando o luar.
Precisamente neste instante, as janelas cobrem-se de escuro deixando uma nesga para apreciar o clarão tão longe como já ficou Portugal.
Foi-se a cerveja voaram os amendoins. Só ficou a raiva de alguém que há imenso tempo, partiu os seus telhados de vidro.
Estamos a meio de uma viagem sossegada valha-me isso.
Paris não tarda e uma hora depois estou em terra firme.
Pouca bateria já me resta e aliviar a tensão só escrevendo os acontecimentos da véspera.
O avião vai repleto! Desta vez ouve-se conversas em várias línguas. Muitas delas escolheram o norte do país para as férias de fim do verão. Mas ele teima em abençoar quem luta por cá ficar
Já tardavam os perfumes, livre de impostos e ainda um desconto de dez por cento.
São amáveis as hospedeiras mas os euros obrigam a deixar uma lágrima atrevida quando surge a hora da partida.
Já sinto o avião a descer aos pouquinhos. Falta meia hora para chegar ao destino.
As estrelas esperam que as contemple. Mas a minha já não brilha como antigamente
Estou fatigado pelos acontecimentos! Vou encostar a cabeça e esperar que a aterragem suavize os penosos pensamentos.
Pum! Num estalido o avião pousou e travar é crucial para que o avião não se alongue pelo cascalho que indica o fim da curta pista.
Algumas horas depois estou tão longe do meu país, que vai demorar quase três meses a regressar.

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