quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Cansa até a sua Semente




Amar tanto tempo, cansa até a sua semente.
Seca o terreno há tanto tempo lavrado, com um carinho desmedido e uma dedicação fanática.
Encorrica as expressões e envelhece as emoções. Tornando os desejos a espaços, deixando interrogações sem respostas.
Olho triste para o paraíso. Entretanto o cantinho dos maravilhosos momentos, deixando que veja o negro do céu. Com os constantes aguaceiros que enregelam os ossos, acossados pela dor de pouco ou nada poder fazer.
Deixo que me invada o receio e caio no perco de ter e não ter, observando o tempo correr, na esperança de algo de novo acontecer.
A minha vida é como o mar!
Tem dias de uma acalmia adorável, onde balanço harmoniosamente o corpo no seu dorso.
Outros, tempestuosos. Onde sou escorraçado para terra numa onda raivosa de encontro ao doloroso tapete rochoso. Pensando ao menos lá permanecer curando as chagas visíveis. Mas logo sou amarrado pela violência das águas e torno a encontrar-me no mar alto e tormentoso.
Por meses afasto-me para bem longe, onde ganho o pão tão necessário para o meu dia. Lá permaneço tantos dias, como aqueles que conto para chegar o último e levar-me de volta a casa por uns dias.
São dias que corro atrás do amor sofregamente e sinto ele traído por suposições sem sentido.
Ninguém entende que para mim, viver um dia é como viver uma mão cheia deles.

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