sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Uma hora e quinze de Viagem




Levanto-me ainda o dia é tão longínquo e só tenho poucos minutos para beber um café e duas torradas.
Preparo o lanche do meio-dia como quando era menino e lá vou descendo quatro andares, fazendo o silêncio da noite, já que os vizinhos ainda dormem o sono profundo.
A noite está terrivelmente fria e neva desde o nascer do dia anterior.
Corro não muito depressa para evitar alguma queda na neve ainda bem fresca de um branco imaculado. E entro no carro quentinho, aconchegando-me no banco, mais parecendo uma almofada.
Andamos numa calma nervosa já que a estrada está num estado de rezar aos Deuses.
O vidro da frente recebe a neve que bate numa fúria inquietante, mas as escovas afastam-nas do atrevimento e só deixam por vezes um embaciamento que aproveito para desenhar os meus sentimentos.
Uma hora e quinze de viagem espera-me e por entradas na autoestrada, vejo-me entupido num trânsito intenso.
E a neve não cessa, que loucura! Todos rolam como se nada se passasse e cada um segue o seu destino.
Vinte minutos depois, onde uns continuam a dormitar como se não saíssem da cama. A neve dá lugar à chuva e a via rápida está limpa de qualquer vestígio de neve.
Vai-se a neve, vem a chuva e toca a rolar que se faz tarde!
Vou silencioso, falando comigo próprio e recordando momentos ainda tão vivos de umas férias que pensei serem um paraíso.
Quero esquecer mas não consigo, alguém que partilhou comigo horas que viraram dias. E dias que terminaram impossíveis na hora da partida.
Meia hora depois a chuva desaparece e a estrada torna-se bem seca que liberta um suspiro de satisfação.
A natureza é fértil nestes momentos! Neve, chuva e depois uma acalmia que me acompanha até ao local da jornada.
Visto-me com a farda de longas horas e no quentinho (não é para todos, onde longe mas neste momento satisfeito), dou o máximo para exercer o meu trabalho.
As longas janelas de vidro duplo dão-me a luz bem necessária. É o dia a nascer, ainda esfrego um olho para o abrir a valer e não tarda, chega por fim o terminar e regressar é a satisfação de tudo correr pelo melhor.
Mais uma hora e quinze por entre chuva e neve ao chegar. Aterro numa mesa a abarrotar de marmelada caseira e pão alemão sem centeio.

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