Volta inspiração que estás perdoada, depois de uns
dias amargurada.
As palavras, não as levam o vento. Algumas, ficam bem
cá dentro.
E ficando. Perduram para sempre, emergindo a qualquer
momento.
São essas palavras que me identificam nas bóias da
vida para não ir ao fundo, quando por vezes sou atingido por vagas
agitadíssimas.
Por agora, degusto um bacalhau assado mergulhado em
azeite da oliveira do pai cá do Paulo e já saboreei um porto vindo em garrafão
de cinco litros, dum cantinho escondido para lá do Douro adormecido.
Um colega celebra o aniversário e como é apanágio dos
portugueses, oferece comes e bebes, para dar pela noite dentro.
Outro, é lembrado por se ter ausentado à última da
hora, numa viagem relâmpago de encontro ao pai, gravemente debilitado.
Foram-se quinze dias desde o regresso de Portugal e
mesmo com frio de rachar o juízo, o tempo passa num caracol malandrão,
escondido sob uma invernação.
São três meses cá na terra, onde o ouro nasce como o
sol no nosso cantinho à beira mar.
Todos aterram por cá!
Agora são os refugiados a invadir todos os espaços.
Parecem formigas, correndo famintas atrás sabe-se lá
do quê?
Uns já deixaram marcas da agressividade que carregam
desde o berço.
Outros esticam as mãos, mas para pedirem a ajuda que
lhes convém.
Outros coitados, percorrem as calçadas até aos abrigos
que lhe foram destinadas.
Enquanto isto, a noite não muito fria observa uma mesa
farta de aconchego para o corpo e abre a exteriorização a alguns de nós, em histórias
que mesmo mil vezes contadas, ressalvam algum pormenor entretanto lembrado.
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