sábado, 16 de abril de 2016

Beijo através do Tempo




O beijo leva a iniciar o que os olhos fartam-se de anunciar!
 Por isso, ofereço-te mil beijos iguais aos que desejo. Fartos, intensos, húmidos e carregados de ardor.
Beijar não tem poiso, chega com o desejo. Seja na praia deserta, numa noite a anunciar tempestade.
Seja pela tarde quente, na sombra da árvore despida de preconceitos.
Ou ao acordar, iniciando o dia com a mais bela auto estima.
Beijo no calor da festa. No alvoroço do golo. No aconchego do leito que não é mais que um amontoado de edredões amarrotados.
Beijo no meio de lágrimas brotando depois de uma paixão eufórica.
 Num quarto a abarrotar de santos, presos a pregos que oscilam da parede que se descasca com o tempo.
Beijo através do tempo!
Desde pequeno. Aproveitando a ida da mãe à feira que não era ladra, mas sim tão esperada.
Desde a adolescência. Envolvidos em nudez escondida, apalpada com as mãos desviadas por quem afastava, o que já não encontrava barreiras para arder o desejo.
Beijo desde a maior idade. Pelas altas da madrugada, escondido da malta da pesada, que se atrevia a perscrutar a ousadia, de uma nudez proibida.
Beijo já meio pesado. Pelos anos e pela caminhada, sem fronteiras que me amarre, numa velocidade estonteante como se o mundo fosse acabar mais adiante.
Beijo como uma criança!
Lançando o desejo como a minha herança. Que me alegrará quando por fim, ficar-me pelas lembranças.

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