O beijo leva a iniciar o que os olhos
fartam-se de anunciar!
Por isso, ofereço-te mil beijos iguais aos que
desejo. Fartos, intensos, húmidos e carregados de ardor.
Beijar não tem poiso, chega com o
desejo. Seja na praia deserta, numa noite a anunciar tempestade.
Seja pela tarde quente, na sombra da árvore
despida de preconceitos.
Ou ao acordar, iniciando o dia com a
mais bela auto estima.
Beijo no calor da festa. No alvoroço
do golo. No aconchego do leito que não é mais que um amontoado de edredões
amarrotados.
Beijo no meio de lágrimas brotando
depois de uma paixão eufórica.
Num quarto a abarrotar de santos, presos a
pregos que oscilam da parede que se descasca com o tempo.
Beijo através do tempo!
Desde pequeno. Aproveitando a ida da mãe
à feira que não era ladra, mas sim tão esperada.
Desde a adolescência. Envolvidos em
nudez escondida, apalpada com as mãos desviadas por quem afastava, o que já não
encontrava barreiras para arder o desejo.
Beijo desde a maior idade. Pelas altas
da madrugada, escondido da malta da pesada, que se atrevia a perscrutar a
ousadia, de uma nudez proibida.
Beijo já meio pesado. Pelos anos e
pela caminhada, sem fronteiras que me amarre, numa velocidade estonteante como
se o mundo fosse acabar mais adiante.
Beijo como uma criança!
Lançando o desejo como a minha herança.
Que me alegrará quando por fim, ficar-me pelas lembranças.
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