São os Security do edifício!
Pelas sete da manhã lá vão eles, de cadeira
numa mão e o walkitoque na outra. Prontos para mais um dia enfadonho na vigilância
de quem entra e sai, dos blocos do edifício quase pronto a ser o ex-libris da pesquisa cientifica alemã.
E eu de cartão quase exposto na lapela do pólo já gasto da Porsche que já viveu belos dias, sou interpelado por um deles
(o que tem a seu cargo o piso), onde vou colocar puxadores, fechaduras,
batentes, magnéticos nas portas, que só abrem mediante dispositivos electrónicos.
Para se certificar da minha identificação e tomar nota da minha entrada.
Mas com o decorrer das horas mesmo tendo que
percorrer o bloco vezes sem conta, o tempo para ele não passa.
Não adianta calcorrear as minúsculas teclas
do TLM, na procura de vídeos ou jogos que façam passar o tempo, porque tempo
esse, para eles custa imenso a passar.
Hoje enquanto percorria os imensos gabinetes
para executar as tarefas determinadas, dei com ele a escrevinhar num cartão sem
sequer levantar a cabeça para quem vem lá.
Já me conhece das minhas idas e vindas que o
dia é fértil para ir buscar o material. E só deitou uns olhos para verificar se
trazia as pantufas a cobrir as botas, para não danificar a alcatifa ainda a
cheirar a fresco que revestem o chão destes gabinetes, um luxo para quem vai não
tarda muito, dar azo às pesquisas que podem mudar o mundo.
O dia passou e o trabalho ficou perfeito como
me é exigido. E juntos, eu e o meu colega antes de demandarmos o piso, fomos
verificar se tudo ficou como o encontramos (limpo e asseado). Quando deparei
com um cartão rabiscado sem entender o que lá estava desenhado.
Olhei-o enquanto fazia a viagem de regresso e
por entre números, figuras e palavras. Nada para mim fazia sentido.
Acredito que cada momento desenhado é um
sentimento pensado, na cabeça daquele jovem que poisou por aqui, sabe-se lá
vindo de onde.
O cartão está repleto, parece uma pequena
tela de um artista almejando pelo fim do dia.
Dobrado e vincado, foi assim jogado para um
canto onde eu o apanhei para tentar perceber (sem o conseguir), o que ia na
mente daquele jovem que todos os dias me saúda.
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