quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Olhos nos olhos




Olhos nos olhos, encanto escondido por entre correrias que se exigem.
Vou ao teu encontro por vezes, vezes sem conta.
Lancei-te um aceno logo que te vi, ainda sentido pelo que me esperou, vindo de bem longe para abraçar olhos desavindos.
Por centímetros nos cruzamos. Por metros nos ignoramos.
Por horas nos estafamos, deixando o olhar falar e sorrir, quando nos estacamos.
Pela noite, já o cansaço toma conta do olhar desgarrado. Retiro-me consolado pelo que vi e pelo que senti, sem antes pela última vez, cruzar mais uma vez e agora longos segundos, o nosso olhar ainda virgem de agitações.
Somos crianças de coro, numa vivência já adulta. Sentimos emoções pensando já perdidas, mas que retornam pelos olhares que do nosso corpo fervilham.
Os olhos falam o que nos vai no pensamento vivendo o momento que cada um lamenta.
Os olhos atrevem-se a retaliar por vezes sentimentos. Que de tão audazes e eloquentes. Assustam, logo que a realidade nos abane o nosso presente.
Os olhos comprometem-nos, num olhar que por ocasiões nos pode ser fatal.
Mas o risco que corremos, supera longamente a distância do arrependimento.

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