Desci o passadiço, já com a
madeira a roncar de tanto serviço.
O declive obrigava-me a
precaver-me e agarrado à corda inchada, devido ás intempéries das marés vivas,
esperava por ti para descermos até à praia.
Tentei dar-te a mão, mas
ainda levava breves momentos que nos conhecíamos, por isso refreei a minha
ajuda.
Sentei-me no último degrau
para descalçar os sapatos de pano azul com cordões castanhos. E logo senti, o
conforto da areia macia, nos meus pés gretados, de tanto descuido.
O mar estava calmíssimo e
cada onda, de tão pequena, só esborrachava a espuma no meu calcanhar.
Por momentos isolei-me. Por
momentos fiquei só com o mar!
Por momentos senti-te. Por
momentos, olhei o teu cabelo esvoaçar.
Eu tomei a dianteira e com
um gesto, indiquei que me seguisses.
Reparei que seguias os meus
passos bem vincados na areia húmida e, vi que o teu pé, entrava na minha pegada.
Caminhamos largos minutos.
Olhava para trás e sentia o
teu sorriso. Enquanto ficavas especada a dois passos de mim.
Mandavas-me continuar, fazendo gestos com a mão,
para que o mar não destruísse o meu caminho.
O pouco vento que se fazia
sentir, colava as tuas vestes ao corpo e salientava a beleza do teu peito.
Então, comecei a encurtar a distância.
Um passo agora, outro passo com demora. Para sentir-te perto de mim.
Um passo agora, outro passo com demora. Para sentir-te perto de mim.
Senti sem olhar para trás,
que fazias o mesmo e a distância era igual.
Não te aproximavas de mim e
eu carente do teu perfume natural, que me fez deslocar de tão longe para a realidade,
ansiosamente aguardada.
Nisto, o silêncio imperou e até o mar recuou.
Olhei para trás e contei
vinte e duas pegadas intactas. Desta vez era eu que as pisava.
Tinhas desaparecido!
Como era possível, num areal
imenso e vazio.
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