domingo, 3 de fevereiro de 2013

O tempo Mudava como o Temperamento



Terminado o almoço, malas às costas e novamente a estrada por companhia rumo a outro poiso, para mais uns tempos de empreitada, em terras de sua majestade Merkel.
Cada viagem pela Alemanha é partilhar mudanças de tempo como, paragens para um café e esticar as pernas.
Logo à saída com quatro graus positivos, a neve ameaçou e com o vento por companhia, ia tornar enfadonho o dia.
Foram só uns minutos, porque vinte quilómetros mais tarde a neve ficou a meio da sua viagem rumo ao poiso terrestre e o sol deu um ar da sua graça.
A temperatura estava já nos zeros graus e não bastou mais do que umas dezenas de quilómetros, para que a chuva bateu-se com toda a força no vidro da frente e obrigasse a um salto inesperado devido ao impacto repentino.
E assim rolamos mais uns quilómetros, dos quase quatrocentos que nos iam levar ao local, onde no início de Setembro pousamos, vindo atrás do que Portugal nos trancou a sete chaves.
Dormitei um pouco e o silêncio invadiu o espaço do carro, onde quatro homens na casa dos quarenta se estão a fazer à vida, neste país que já não é o mar de rosas que todos pensam. Dado que a oferta é enorme e quem tem trabalhinho à que o preservar, porque os que estão em lista de espera, são como feras sedentas em arrumar com quem cá está e virem ocupar o lugar dos mais desprevenidos.
A chuva foi-se e uma nesga de sol invadiu esta zona ainda coberta de neve e o espectáculo que a Natureza nos oferece é digno de ser apreciado e admirado, enquanto rolamos em autoestradas sem portagens e scuts para nos roubar os euros já tão curtos.
Veados vasculhando rebentos em torno da neve já derretida das chuvas recentes. São tão normais que ninguém já se incomoda, só para nos é que é motivo de atenção ver aqueles animais com o rabo branco e os cornos bem salientes, trazendo as crias bem perto do ventre.
Nisto cai um nevão agreste e ficamos sem visibilidade aparente. A estrada fica em segundos tao branca que ficamos com a sensação de a qualquer momento deslizarmos de encontro aos railes protectores. Mas nada de grave se passa e seguimos o percurso atrás de quem nos guia e nas três faixas só uma é que nos indica o caminho, devagar devagarinho.
Demora uns bons minutos, este nevão. Onde subimos o monte maior que o Marão.
E lá está nova descida e o tempo muda como o sabor das chupetas dos miúdos e o sol tenta romper as nuvens cinzentas que o vento as empurra, sei lá para onde.
E por fim, ao fim de quase quatro horas, chegamos carregados de malas e continuamente de ilusões. Para prosseguirmos este trabalho, que nesta semana que findou, me brindou com a força da Natureza, em toda a sua beleza.
 Neve que me cobriu de branco e me enregelou as mãos. Deixando rasgos dolorosos na pele, depois de gotas de sangue caírem marotas pela chapa gélida.
Chuva forte que me encharcou as roupas e penetrou pelas entranhas deste corpo amortalhado pela ausência do amor, que está longe, escondido não se sabe onde.

Sem comentários: