Terminado
o almoço, malas às costas e novamente a estrada por companhia rumo a outro
poiso, para mais uns tempos de empreitada, em terras de sua majestade Merkel.
Cada
viagem pela Alemanha é partilhar mudanças de tempo como, paragens para um café
e esticar as pernas.
Logo
à saída com quatro graus positivos, a neve ameaçou e com o vento por companhia,
ia tornar enfadonho o dia.
Foram
só uns minutos, porque vinte quilómetros mais tarde a neve ficou a meio da sua
viagem rumo ao poiso terrestre e o sol deu um ar da sua graça.
A
temperatura estava já nos zeros graus e não bastou mais do que umas dezenas de
quilómetros, para que a chuva bateu-se com toda a força no vidro da frente e
obrigasse a um salto inesperado devido ao impacto repentino.
E
assim rolamos mais uns quilómetros, dos quase quatrocentos que nos iam levar ao
local, onde no início de Setembro pousamos, vindo atrás do que Portugal nos
trancou a sete chaves.
Dormitei
um pouco e o silêncio invadiu o espaço do carro, onde quatro homens na casa dos
quarenta se estão a fazer à vida, neste país que já não é o mar de rosas que
todos pensam. Dado que a oferta é enorme e quem tem trabalhinho à que o
preservar, porque os que estão em lista de espera, são como feras sedentas em
arrumar com quem cá está e virem ocupar o lugar dos mais desprevenidos.
A
chuva foi-se e uma nesga de sol invadiu esta zona ainda coberta de neve e o espectáculo
que a Natureza nos oferece é digno de ser apreciado e admirado, enquanto
rolamos em autoestradas sem portagens e scuts para nos roubar os euros já tão
curtos.
Veados vasculhando rebentos em torno da neve já derretida das chuvas recentes. São tão
normais que ninguém já se incomoda, só para nos é que é motivo de atenção ver
aqueles animais com o rabo branco e os cornos bem salientes, trazendo as crias
bem perto do ventre.
Nisto
cai um nevão agreste e ficamos sem visibilidade aparente. A estrada fica em
segundos tao branca que ficamos com a sensação de a qualquer momento
deslizarmos de encontro aos railes protectores. Mas nada de grave se passa e
seguimos o percurso atrás de quem nos guia e nas três faixas só uma é que nos
indica o caminho, devagar devagarinho.
Demora
uns bons minutos, este nevão. Onde subimos o monte maior que o Marão.
E
lá está nova descida e o tempo muda como o sabor das chupetas dos miúdos e o
sol tenta romper as nuvens cinzentas que o vento as empurra, sei lá para onde.
E
por fim, ao fim de quase quatro horas, chegamos carregados de malas e continuamente
de ilusões. Para prosseguirmos este trabalho, que nesta semana que findou, me brindou
com a força da Natureza, em toda a sua beleza.
Neve que me cobriu de branco e me enregelou as
mãos. Deixando rasgos dolorosos na pele, depois de gotas de sangue caírem marotas
pela chapa gélida.
Chuva
forte que me encharcou as roupas e penetrou pelas entranhas deste corpo
amortalhado pela ausência do amor, que está longe, escondido não se sabe onde.
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