Domingo
frio e chuvoso. Tristonho e sei lá mais o quê!
Tomo
a bica debaixo do toldo que me abriga dos chuviscos esporádicos fumando o
cigarrito da praxe.
Vozes
ao meu lado invadem o espaço sem poder distinguir o seu significado. É uma
sucessão de palavras em vasco, não tendo ponta por onde pegar para as
descodificar.
Ze
Gama, última localidade antes que a montanha toque o céu, no começo dos Pirenéus.
Deixa que o seu povo saia à rua e liberte ainda a alegria por escassos dias.
Não
tarda, a neve e o vento que quebra os ossos ao mais duro habitante cá da terra.
Serão os donos de todos os recantos, obrigando a uma hibernação obrigatória
para se defenderem da Natureza, que não tem pejo em transformar em pó, os mais desprotegidos
que a povoam.
Por
agora adultos e crianças, mais estas. Ainda correm e brincam nos beirais das
tabernas, não se livrando de umas escorregadelas mais ou menos dolorosas no
piso húmido, característico nesta altura.
Nom passa nada! Pensam eles e com as manchas
escuras bem expressivas na roupa, nada os faz parar enquanto os pais fazem
horas para o almoço e a sesta, que não tarda.
Já
sinto o pinguinho a roçar as narinas. Sinal que está na hora de regressar a
casa. Este banco de pedra, mesmo com almofadas para não deixar o rabo duro, já
infiltrou um desconforto pelo corpo.
Xauzinho que se faz tarde. Vou-me daqui para o
quentinho da sala.
Aí Inverno que te aproximas. Nem sei como te
fazer frente! E nem imagino o poder da tua força.
Sou Português! E um Português conquista,
desbrava. Não desiste!
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