domingo, 5 de outubro de 2014

Domingo a aconselhar o Quentinho




Domingo frio e chuvoso. Tristonho e sei lá mais o quê!
Tomo a bica debaixo do toldo que me abriga dos chuviscos esporádicos fumando o cigarrito da praxe.
Vozes ao meu lado invadem o espaço sem poder distinguir o seu significado. É uma sucessão de palavras em vasco, não tendo ponta por onde pegar para as descodificar.
Ze Gama, última localidade antes que a montanha toque o céu, no começo dos Pirenéus. Deixa que o seu povo saia à rua e liberte ainda a alegria por escassos dias.
Não tarda, a neve e o vento que quebra os ossos ao mais duro habitante cá da terra. Serão os donos de todos os recantos, obrigando a uma hibernação obrigatória para se defenderem da Natureza, que não tem pejo em transformar em pó, os mais desprotegidos que a povoam.
Por agora adultos e crianças, mais estas. Ainda correm e brincam nos beirais das tabernas, não se livrando de umas escorregadelas mais ou menos dolorosas no piso húmido, característico nesta altura.
 Nom passa nada! Pensam eles e com as manchas escuras bem expressivas na roupa, nada os faz parar enquanto os pais fazem horas para o almoço e a sesta, que não tarda.
Já sinto o pinguinho a roçar as narinas. Sinal que está na hora de regressar a casa. Este banco de pedra, mesmo com almofadas para não deixar o rabo duro, já infiltrou um desconforto pelo corpo.
 Xauzinho que se faz tarde. Vou-me daqui para o quentinho da sala.
 Aí Inverno que te aproximas. Nem sei como te fazer frente! E nem imagino o poder da tua força.
 Sou Português! E um Português conquista, desbrava. Não desiste!

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