Apetece-me escrever nesta tarde!
Que me aconselhas alma dedicada, que me
acompanhas para todo o lado, sempre na expectativa de ser realmente verdade,
que estou ligado a um destino que segundo os meus antepassados, tenho-no
traçado.
Nem tu pequena alma, já chagada pela vida que
te obrigo a percorrer, consegues segredar o que neste preciso momento me
apetece desabafar.
Estou prestes a atingir a idade da certeza
nas atitudes doravante tomadas. Deixando para trás a leveza, que em variadíssimas
ocasiões fazia questão de me percorrer para tornar fácil, o que sabia
verdadeiramente difícil.
A vida é um cordão de dois bicos, amparando
uma ponte que liga dois penhascos, evitando um enorme precipício.
Bicos inquietos sem parança.
Um guia-me para uma fábula que farta uma
enorme pradaria. Mas quando surge encostas ingremes, obriga-me a esgravatar com
as unhas, esfarrapando o corpo já em ferida, as subidas para lá dos cumes.
Bem no alto. Tento gritar mais alto para o céu infinito, que conquistei para já o apogeu. Mesmo que seja por breves ensejos, pouco
importa.
Outro empurra-me para a realidade que dura.
Bem cedo surge a aurora. Tão longe da acostumada
argola que me amparava, a dois passos do abrigo do sofá fofo. Levando as horas, rápidas ou custosas. Para finalmente
terminar envolvido em pó acrílico mais um dia, que se risca no calendário bem por
cima da mesa do cantinho do ripanço.
Mas o dia ainda promete, reclamando as horas
que oferece. Depois do inverno frio e escuro.
Oferece tempo para escutar as conversas do
outro lado da linha. Salpicadas de argaço que se encosta ao areal proibido, nas
noites de lua cheia com desejos.
Vem pequenina para o meu cantinho!
Acotovela-te ao meu abraço constantemente
aberto, para te agasalhar na coberta do meu navio á deriva.
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