quarta-feira, 13 de maio de 2015

Quem sabe Sabe




Há dois anos conheci alguém que escrevia muito bem!
Frases com sentido, pontuação adequada, letra grande quando necessário.
Corrigia-me a toda a hora, já que a emoção de expressar os meus desejos, baloiçava com a minha escrita de almofada.
Não mencionava um piropo. Não escorregava num simples arroto. Era pura e simplesmente escrita, num excelente português.
Acentos na direcção certa. Os tiles, tão suaves como a brisa de verão. E o H, sempre que a oportunidade o pusesse à prova.
As vírgulas faziam parar a minha emoção (parecia propositado), de continuar ansiosamente a procurar o fim da frase.
E os pontos? Obrigavam-me a travagens bruscas, para não misturar a alegria em me conhecer, com os meus desejos mesmo ao entardecer.
Expressava uma educação, já em desuso nos manuais escolares.
Começou com o você tradicional e depois de eu tanto insistir, passou a tratar-me por tu.
Quando eu mais atrevidote, tentando sair fora da linha de escrita, evitando perguntar. Ela chamava-me à razão com um simples ? ou !.
Por largos momentos pensei estar perante uma pessoa que leccionava Português.
Mais tarde já a nossa intimidade deixava escapar virgulas, pontos e iiis. Confessou-me que sabia falar e escrever três línguas!
Perante isto só me restava dar a mão à palmatoria e encutinhar-me perante alguém que quando era feliz comigo, escrevia num excelente português!
Quando se chateava a valer, era impropérios em inglês.
Quando lhe rogava para me perdoar algo que inocentemente causava, era num alemão de fazer inveja, aos que cá permanentemente praguejam.



  

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