domingo, 11 de outubro de 2015

É a guerra dos Sexos




Manhã fria e soalheira, percorro o passeio numa caminhada matinal, areando os pulmões do fumo da noite que me intoxicou a mente.
Alguém festeja, que conquistou a liberdade tão ansiada, numa espécie de guerreira revoltada, frisando que nunca mais será humilhada.
É a guerra dos sexos num pestanejar sem nexo, para cair em graça com a sua consciência. Deixando os que espreitam pela foto de beicinho esbelto, dar um ar da sua gentileza, na esperança de oferecer lembranças.
O sol rompe o silêncio da fria manhã, onde todos ainda descansam do aconchego dos bares.
Folgou-se ao som das marradas da semana, deixando correr a noite até que suou a madrugada.
O sono não apaga a descrença na liberdade anunciada e aguardar pela semana (mais uma já traçada) é o antecipar mais meia dúzia de dias passados.
Preparo o almoço golpeando a carne para a temperar com gosto e uma hora depois, irei devorar a crosta tostada, deixando o interior avermelhado saciar a minha fome vincada.
As vozes dos colegas que partilham os momentos desta vida entrincheirada, fazem eco elevado nesta mente armadilhada.
 Oferecem os legumes para confeccionar a salada e já mergulhados nas bebidas avivando vozes alteradas. Picam-se minúsculas salsichas banhadas em ketchup, enquanto o assado faz-se anunciar pelo aroma libertado.
Pela tarde vou percorrer a feira mensal onde tudo é usado. Normalmente visitada por imigrantes gastos pelo tempo cá passado, nesta cidade sempre pronta a abrir as portas aos que procuram uma vida mais risonha, que lhes devolva a certeza de serem úteis e sempre lembrados, enquanto os euros tilintam nas contas da família esperançada.
E por fim. A tarde cedo se vai, dando espaço a que a noite desça tão perto do chão que piso, arrastando as pessoas para o aconchego das casas. Deixando as ruas desertas onde nem os gatos são pardos.

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