Manhã fria e soalheira, percorro o passeio
numa caminhada matinal, areando os pulmões do fumo da noite que me intoxicou a
mente.
Alguém festeja, que conquistou a liberdade
tão ansiada, numa espécie de guerreira revoltada, frisando que nunca mais será
humilhada.
É a guerra dos sexos num pestanejar sem nexo,
para cair em graça com a sua consciência. Deixando os que espreitam pela foto de
beicinho esbelto, dar um ar da sua gentileza, na esperança de oferecer
lembranças.
O sol rompe o silêncio da fria manhã, onde
todos ainda descansam do aconchego dos bares.
Folgou-se ao som das marradas da semana,
deixando correr a noite até que suou a madrugada.
O sono não apaga a descrença na liberdade
anunciada e aguardar pela semana (mais uma já traçada) é o antecipar mais meia dúzia
de dias passados.
Preparo o almoço golpeando a carne para a
temperar com gosto e uma hora depois, irei devorar a crosta tostada, deixando o
interior avermelhado saciar a minha fome vincada.
As vozes dos colegas que partilham os
momentos desta vida entrincheirada, fazem eco elevado nesta mente armadilhada.
Oferecem
os legumes para confeccionar a salada e já mergulhados nas bebidas avivando vozes
alteradas. Picam-se minúsculas salsichas banhadas em ketchup, enquanto o assado
faz-se anunciar pelo aroma libertado.
Pela tarde vou percorrer a feira mensal onde
tudo é usado. Normalmente visitada por imigrantes gastos pelo tempo cá passado,
nesta cidade sempre pronta a abrir as portas aos que procuram uma vida mais risonha,
que lhes devolva a certeza de serem úteis e sempre lembrados, enquanto os euros
tilintam nas contas da família esperançada.
E por fim. A tarde cedo se vai, dando espaço
a que a noite desça tão perto do chão que piso, arrastando as pessoas para o
aconchego das casas. Deixando as ruas desertas onde nem os gatos são pardos.
Sem comentários:
Enviar um comentário