A noite estava fresca!
Quatro graus, para refrescar as intenções e
procurar o local quente das diversões.
Caminhava pela praça, já com as esplanadas
recolhidas e o pessoal a procurar, o quente dos bares atulhados de gente, ávida
para se entregarem, aos desejos que cada um tinha em mente.
Entrei num bar de estilo brasileiro, com o
Cristo Rei como bandeira. Bordado nas camisas brancas dos barmans, que se
esfalfavam como baratas tontas, a satisfazer a secura dos eufóricos presentes.
Antes tinha passado pelas tapas espanholas,
onde dei corda ao consolo das vistas. E um colorido à conversa, visto ter
encontrado duas chicas esbeltas.
Pelo meio lá estava a polícia, a apaziguar as
diabruras de meia dúzia de jovens, que se tinham enfrascado, nas bebidas
espirituosas.
E como o tempo é vasto. Com as horas
embrulhadas na tertúlia do passar da madrugada. Dei comigo a fazer um balanço
da semana e, a matutar no amor quase louco, que alguém que conheço, absorve
como se fosse o único motivo para viverem na esfera terrestre.
Fazem dele (o amor), como a salvação de
estarem vivos!
“E só ele amortiza a dor da ausência”. Justifica
um, já de malas feitas para uns dias, ao pé da sua deusa amada.
E, uma dádiva de Deus depois de dias
infinitos “ em enganos e traições”.
Vinca outra, tão evidente, para justificar a
culpa na mente, mas que ficará permanentemente presente.
Mas como diz um, habituado à dureza de uma
vida, entre a distância de longos meses, e a reduzida permanência num lar, onde
os afetos são a lavoura diária e as rugas bem visíveis: “O amor é como a erva,
vem a vaca e come-a”!
E foi neste sentimento tão antagónico como
evidente, que regressei pela mesma calçada que cheguei.
Agora vazia e com o frio mais denso, procurando
os mesmos trilhos e deparo com esta maravilha!
Bordada com fios de lá. Presa ao poste, bem
juntinha à praça de táxis.
Apeteceu-me regressar nela, pela calada da
noite.
Pedalando pela estrada, onde a floresta
fechava, o que já tinha percorrido.
E só
os esquivos animais. Que procuravam o alimento, seriam as testemunhas de um caga-lume,
pedalando como um louco, procurando o seu destino.
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