sábado, 8 de abril de 2017

Testemunhas de um caga Lume





A noite estava fresca!
Quatro graus, para refrescar as intenções e procurar o local quente das diversões.
Caminhava pela praça, já com as esplanadas recolhidas e o pessoal a procurar, o quente dos bares atulhados de gente, ávida para se entregarem, aos desejos que cada um tinha em mente.
Entrei num bar de estilo brasileiro, com o Cristo Rei como bandeira. Bordado nas camisas brancas dos barmans, que se esfalfavam como baratas tontas, a satisfazer a secura dos eufóricos presentes.
Antes tinha passado pelas tapas espanholas, onde dei corda ao consolo das vistas. E um colorido à conversa, visto ter encontrado duas chicas esbeltas.
Pelo meio lá estava a polícia, a apaziguar as diabruras de meia dúzia de jovens, que se tinham enfrascado, nas bebidas espirituosas.
E como o tempo é vasto. Com as horas embrulhadas na tertúlia do passar da madrugada. Dei comigo a fazer um balanço da semana e, a matutar no amor quase louco, que alguém que conheço, absorve como se fosse o único motivo para viverem na esfera terrestre.
Fazem dele (o amor), como a salvação de estarem vivos!
“E só ele amortiza a dor da ausência”. Justifica um, já de malas feitas para uns dias, ao pé da sua deusa amada.
E, uma dádiva de Deus depois de dias infinitos “ em enganos e traições”.
Vinca outra, tão evidente, para justificar a culpa na mente, mas que ficará permanentemente presente.
Mas como diz um, habituado à dureza de uma vida, entre a distância de longos meses, e a reduzida permanência num lar, onde os afetos são a lavoura diária e as rugas bem visíveis: “O amor é como a erva, vem a vaca e come-a”!
E foi neste sentimento tão antagónico como evidente, que regressei pela mesma calçada que cheguei.
Agora vazia e com o frio mais denso, procurando os mesmos trilhos e deparo com esta maravilha!
Bordada com fios de lá. Presa ao poste, bem juntinha à praça de táxis.
Apeteceu-me regressar nela, pela calada da noite.
Pedalando pela estrada, onde a floresta fechava, o que já tinha percorrido.
 E só os esquivos animais. Que procuravam o alimento, seriam as testemunhas de um caga-lume, pedalando como um louco, procurando o seu destino.

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