domingo, 8 de março de 2009
Até Onde Pode ir o Nervosismo dos Deputados
Os nossos deputados são o garante nesta fase conturbada de travessia do deserto ainda sem um fim à vista, de episódios que abalam a réstia de esperança dos portugueses poderem acreditar nessa imensidão de pessoas que ocupam o hemiciclo.
Eles deviam ser a força em defender quem os elegeu e não o contrario!
Eles deviam ser os mensageiros do grito da revolta, vindo dos acossados pela crise que de uma maneira ou de outra envolve pobres e menos pobres!
Eles deviam ser os heróis de um povo martirizado pela escassez de emprego e pela perda do mesmo, que encaminha milhares de homens e mulheres para o abismo da depressão!
Eles deviam ser os embaixadores de boas novas, para que todos nós que os elegemos pudéssemos ao menos sentir o seu esforço. Na discussão de moções, na aprovação de soluções e apontar os culpados de uma crise infinita para muitos já sem esperança, devolvidos ao mendigar. E outros na corda bamba de uma queda vertiginosa a caminho do desespero.
Eles deviam ser os seguidores dos grandes homens que defenderam uma ideologia virada para o fim de uma ditadura que nos arrastou durante anos e anos para um silêncio de tortura psicológica, onde os mais inconformados eram virados do avesso e transformados em meros indivíduos indesejáveis e isolados.
Eles deviam! Mas não o fazem!
São uma seita de seres que se aproveitam da sua nomeação para se promoveram a todos os níveis!
São, não digo todos. Mas muitos, daquele circo sem artistas. Verdadeiras aberrações na assimilação da responsabilidade que o povo lhes entregou. Na única forma que tem de acreditar em algo para o bem do país e de todos nós. Através do seu voto, hoje a única certeza de poder que temos em escorraçar quem não soube governar um país. E dar oportunidade a outros que prometem não cometer os mesmos erros dos antecessores.
Mas continuamos a assistir a autênticos folhetins e zanga de comadres.
Primeiro foram as ausências aquando de uma votação para parar ou não com um sistema de avaliação dos professores que agitava o país e confundia a opinião pública, nada dada a grandes manifestações que se estavam a prolongar demasiado tempo. E que já aqui fiz eco, não adianta chover no molhado.
Há bem pouco tempo num debate acalorado entre o Primeiro-Ministro e o líder da bancada laranja, alguém dessa bancada chamou palhaço presume-se ao nosso PM, já que nesse momento era ele que fazia uso da palavra. E pela perspectiva do resumo dado pelas televisões, todos nos apercebemos de onde veio tamanho desaforo já que apanhou o microfone do líder laranja aberto.
Agora assistimos a um bate papo entre deputados dos dois grandes partidos cá do burgo. Onde o socialista esgrimindo os seus argumentos, entrou no campo privado de um deputado da Social-democracia e foi uma troca de galhardetes, com o Socialista aproveitando o seu tempo de uso da palavra, a insistir no envolvimento desse deputado nas matérias em questão (painéis solares) e do outro lado da barricada era os insultos, os impropérios, os desafios para um cara a cara fora do hemiciclo.
Tudo gravado pelas televisões para gozo dos média.
Para fazer lembrar a Assembleia dos países asiáticos onde de vez em quando se resolve os assuntos ao murro. Só faltou ao deputado Social-Democrata levantar-se e enfiar um soco na cara do Socialista ainda de sorriso malicioso estampado naquele rosto.
A Assembleia da República está a virar um local de lavagem de roupa suja entre partidos e como se viu entre deputados. É preciso por cobro a situações desprestigiantes que se tem infelizmente assistido para que as escolas que frequentemente se deslocam a este local, sintam o enorme simbolismo democrático que brotam daquelas paredes e possam acreditar que este edifício é a marca da liberdade de um País, ainda novo em democracia depois de longos anos de ditadura.
Quanto aos deputados, a cada dia que passa, a confiança que depositamos neles tende a atingir o vazio da credibilidade. São escolhidos a dedo pela cúpula dos partidos entre amizades e colheradas de favorecimento. São eleitos por nós, mas para nós, não está virado o seu valor como políticos. Olham para o seu umbigo do alto do seu lugar e apoderam-se do seu estatuto de deputados para fortalecer os seus interesses pessoais e aumentar as suas regalias sociais tanto a curto prazo como depois de dois mandatos, onde lhes espera uma reforma como consolação de oito anos a levantar o braço e bocejar regularmente.
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