quinta-feira, 26 de março de 2009

Formação a Força da Solução!



A grande e única forma que o governo descobriu para retirar milhares e milhares de cidadãos da penumbra do ensino!
Vai daí, eleva a fasquia como a bandeira da governação. Que passa pela formação, onde as Novas Oportunidades, são o baluarte de uma campanha única, abrindo o caminho de par em par, para que milhares de jovens possam completar os estudos que anos antes deixaram para trás por variadíssimos motivos. E precisamente nesta altura têm nas mãos praticamente caída do céu a única hipótese de enriquecimento do currículo de cada um, como forma de alargar os horizontes e fazer face ao baixo nível de escolaridade que uma boa camada da população possuiu.
Portanto mãos à obra e toca a completar o Ensino Básico, o Ensino Secundário e para os mais afoitos, têm a porta escancarada rumo ao Ensino Superior, com a difícil mas não impossível hipótese de virem a conseguir um titulo de prestigio, que nem em sonhos alguma vez lhes passou pela cabeça.
Neste momento com a grave crise do desemprego, o governo acelerou a aposta nesses mesmos desempregados pela formação, como uma das essenciais vias para a obtenção de emprego. E nota-se nesta altura um afluxo de pessoas que infelizmente caíram na perda de emprego e ligados ao Instituto de Emprego, na obrigação de participarem nas formações. Sendo a grande maioria dessas formações remuneradas, ligadas aos vários organismos via Comunidade Europeia que financiam, abrangendo os quadros comunitários de apoio.
A formação eleva os nossos conhecimentos e dá-nos as ferramentas fundamentais para a nossa actividade profissional cada vez mais exigente, onde os desafios diários são constantes e é fundamental evoluirmos, para enfrentar as exigências do mercado.
E regularmente sou chamado para participar em formações, o que acontece já à mais de uma década.
Claro que nesta fase difícil, as formações que vou integrar, são formações que a nível de remuneração nada abrangem. Nem mesmo o subsídio de alimentação, como era usual noutras participações.
Os tempos estão difíceis. Os apoios são cada vez mais escassos e como tal não existe dinheiro para subsídio de qualquer natureza. Toca a participar nas formações, fora do horário de trabalho e meu amigo, a formação é sempre uma ferramenta de aprendizagem e quem quer aprender segue o barco rumo ao futuro. Quem não quer que fique pelo cais, sentado a apanhar sol, olhando a direcção do barco, perdendo uma vês mais a oportunidade de melhorar, tanto o seu desenvolvimento profissional, como o intelectual.
Mas por falar em apoios comunitários! À uma década atrás, esses apoios entravam no nosso país como lanchas super rápidas a abarrotar de dinheiro. Dinheiro esse com a missão de apoiar os trabalhadores, dando-lhes formação constante para que eles pudessem se adaptar aos novos desafios que a industria estava a sentir na modernização, na inovação e na renovação.
Só que o dinheiro era tanto que dava para tudo, como diz o povo e com razão!
Dava para quem sofregamente recorria a esses apoios na tentativa de ajuda à empresa e na tentativa de ajuda pessoal.
Todos sabemos que muitos desses apoios não tiveram o mínimo de controlo e hoje estamos a pagar os enormes erros, de não sabermos aplicar os fundos que eram significativos. De apoio, na direcção a que eram destinados, ou seja na formação. A direcção tomou outros rumos, seguindo o caminho da evasão e da corrupção.
Adiante! E como dizia, existia dinheiro. Mas para nós formandos, era só o subsídio de alimentação, meia dúzia de euros, que nem davam para pagar o lanche do intervalo das três horas de duração da formação, pós laboral bem entenda-se.
Mas contemplava a formadora Doutora não sei das quantas, que logo no primeiro dia chegou tarde!
Justificou-se com a maior descontracção, salientando que nada pôde fazer porque, vejam: “ O avião que me trouxe de Lisboa para o Porto atrasou-se. Depois ainda tive que apanhar o carro de aluguer no aeroporto e conduzir mais 50 quilómetros até chegar cá!”
Eu que não sou de me calar perante estas aberrações, logo disse! O quê!!!!! Como disse! Avião, mais carro de aluguer, mais o que a doutora vem cá cobrar (era na altura 20€ hora), por amor de Deus, não havia formadoras cá da zona para dar uma formação, (que verdade se diga nada tinha de relevante para a função que desempenhávamos cá na empresa). Repare doutora que nós estamos cá depois de terminar o nosso trabalho e com a consolação de um mísero subsídio de refeição que nem dá para tapar um estômago, cansado de tantas horas sem uma bucha para consolo. Exactamente isto que lhe disse!
Claro que ela não gostou, acusou o toque e de nariz empinado, olhando-me bem nos olhos falou: "Eu não acho nada de anormal. E só pessoas como eu, podem dar formação a pessoas como o Sr., como acabamos de constatar"!
Toma lá que já cá cantas! Velho ditado popular, que pensou ela, me assentou como uma luva. Mas a mim nada me disse!
A formação era uma vez por semana, durante dois meses e decorreu sem mais “incidentes!”.
Portanto era assim que se gastava o dinheiro vindo dos apoios comunitários. Pondo pessoas a dar formação vindas da capital.
De avião, mais carro de aluguer, ida e volta para a Doutora. E o dinheiro que se gastava só tinha ida para as Doutoras sem volta para os formandos!

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