terça-feira, 24 de março de 2009

Com as Mãos ó Pedro, com as Mãos ó Pedro!


Quem viu o Pedro Silva no final da Taça da Liga, receber a medalha e para não perder tempo, nem ao pescoço a colocou. E num autêntico arremesso, qual peso em jogos olímpicos, cair em plena relva uns metros mais à frente e obter a melhor marca mundial do lançamento da medalha momentos antes conquistada com todo o sofrimento, raiva e ódio.
Esta disciplina pela primeira vez em jogos de futebol. E os vinte e tal atletas (entre jogadores técnicos) da equipa vencida passaram a ter o direito de lançar ou arremessar o mais longe possível para que os câmara man, possam numa correria louca para ver quem chega em primeiro para obter o exclusivo, não importa os empurrões, os tropeções nos fios das câmaras. O saboroso final seja encharcado em suor ou na lama é a foto primeira, do local onde a medalha aterrou.
Aterrou sim! Porque o lançamento foi efectuado com tal raiva (ingrediente essencial para a obtenção do melhor resultado possível, só produzido no Brasil com importação na hora, por ocasião das finais).
Já à muito apregoada por varias associações de futebol, onde não é demais destacar o sistemático apego à causa por parte da associação do “até os comemos”. Finalmente no final da 2ªediçao da taça da liga onde num dramático ping-pong de penaltys falhados, onde a rede colocada sob a figura dos guarda-redes, só resistiu para um dos lados. Colocando esse lado salpicado de vermelho como o clarão dos seis milhões dos anos setenta, a erguer a taça, sem caneco já que o mesmo foi entregue ao adversário como forma do roubo meia hora antes, que se não existisse levavam caneco taça e restos de relva para a posteridade.
Mas como dizia, o adversário nas circunstâncias excepcionais de roubo. Pode praticar a disciplina do arremessar as medalhas o mais longe possível para que a correria dos câmara man, seja o apogeu da excitação do público. Esse mesmo público, espera os encontrões, os murraços, as rasteiras no pé de apoio desses profissionais loucos a babarem-se por dúzia e meia de metros até à última medalha, que será a primeira e como tal a tão esperada vencedora, como a que foi do Pedro Silva.
Nesta primeira final só mesmo a do tal Pedro logrou atingir a melhor marca, outras houve que por manifesta infelicidade (temos que abrir um parênteses, já que se tratava da primeira iniciativa do género), ficaram por lançamento nulos, já que embora reconhecendo o esforço dos restantes jogadores verdes, onde a esperança tarda em chegar. As medalhas caprichosamente não saiam das mãos. A medalha saia mas ficava tipo pingarelho suspensas pelas fitas que no tempo da chamada rumo ao arremesso não saiam das mãos.
Faltava as declarações finais dos vencedores. Sim vencedores!
Primeiro os da taça. Os vermelhos, pouca importância lhes foi dada, taças daquelas sem valor significativo onde só dão valor aqueles clubes que nada ganham há um bom para de anos!
Finda as respectivas e curtas entrevistas. Passou-se ao miolo da questão! O grande vencedor do arremesso da medalha!
Pedro Silva, nome gritado daquelas bocas, dos milhares de espectadores que enchiam o estádio da capital do turismo.
Pedro Silva acenava.
Pedro Silva mordendo os lábios de tanta raiva que ainda não tinha sido absorvida, apesar do desgaste da hora do jogo e dos poucos segundos do arremesso, mas que serão anos e anos de história, para contar aos filhos, netos. E clonados, para que a família perdure e o arremesso não caia no arquivo da memoria. Tremendo dos pés à cabeça, com os olhos faiscando de ódio (claro características obrigatórias para participar no arremesso da querida medalha). Lá falou para os órgãos da comunicação acotovelados entre três gorilas de dois metros vindos propositadamente da segurança do José Eduardo dos Santos, que lhes cedeu um mês de férias no nosso país aquando da sua visita. E num misto de choro compulsivo e revolta incontida lá foi dizendo:
- Dedico este lançamento que não só enviou a medalha, mas toda a raiva e ódio, para bem longe da concorrência e como tal só podia dar em vitória. A todos os sportinguistas de Vila do Conde que, conseguiram levar-nos à final com dois foras de jogo na jogada do golo que nos valeram esta final e sem o apoio deles não estaria aqui neste preciso momento.
Perante uma pergunta de um jornalista avermelhado que insinuava uma tentativa de peitada ao juiz principal. Pedro Silva quis vincar a mentira de tal modo que foi tão longe, mas mesmo tão longe que não teve pejo em usar o nome do filho que tanto ama. Reagindo desta forma:
- Que não veja mais o meu filho se dei peitada no juiz, que não veja!
Pelas imagens em replay, nota-se que de facto Pedro Silva, não faz peitada ao juiz. Mostra sim a forma como queria arremessar a medalha, com o peito bem colada ao coração. E não com as mãos como o juiz lho obrigou a fazer.
Com as mãos ó Pedro, com as mãos ó Pedro!
E o Pedro lá foi obrigado a arremessar a medalha, com a mâo!

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