sábado, 15 de setembro de 2012

A Noite Guia-me



A noite ainda está tão escura, repleta de estrelas quando saio para o trabalho.
Dormi poucas horas, ainda na fase da adaptação e sozinho fico sem defesas nos sonhos que me assolam.
Ao fim de alguns quilómetros deparo nas eólicas que ocupam um vasto campo. Imagino árvores enormes sugando o vento de ramos bem abertos, para alimentar os seus rebentos.
Rolamos à velocidade que nos apetece em três faixas de rodagem, já que neste troço da autoestrada, não há limite de velocidade.
O tráfego é intenso nesta hora ainda escura e na faixa da direita os camiões agrupam-se em filas longas. Na do meio vão os mais relaxados, sem pressa de chegar aos seus destinos. E na da esquerda vão os sepidados da velocidade, ultrapassando os duzentos na maior das facilidades.
O dia abre-se à claridade, desaparecendo a noite que leva as estrelas e os sonhos que cada uma delas transporta.
Mas uma delas cola-se a mim e vai comigo acompanhando-me neste começo do dia.
Escolheu o seu cantinho bem junto ao meu coração e sinto-o já com batimentos fortes, essa força que necessito, para espalhá-la pelas longas horas que me espera o dia.
Percorro já meio percurso, quando o aeroporto, onde ´pela primeira vez pus os pés nestas paragens, me surge em toda a sua grandiosidade.
Há sempre um avião a chegar ou a partir e por diversas vezes, já nos cruzamos quase mano a mano. Ou seja, nós passamos por baixo e ele passa em cima em velocidade reduzida, bem por cima das nossas cabeças.
É uma imagem fantástica, aquela ave de metal, uns metros acima de nós. Imaginando eu, os olhares saídos de lá de dentro pelas janelas, dos passageiros, cada um com sentimentos diversos, perante o tráfego rodoviário que desaparece por momentos por baixo da pista, onde se prepara para ao fim, ou ao início da viagem.
Já falta pouco para chegarmos e a placa a informar que a BMW fica para a direita, aparece como um foguete. Talvez, levados pelos aviões a carrinha não rola, voa!
São dois quilómetros que nos separam e neste percurso já com semáforos a cada quinhentos metros, vejo casais no seu jogging, cada um com as suas manias.
Correm simplesmente, ouvindo musica como inspiração para o andamento pretendido.
Ou utilizam skis, para impulsionarem o andamento sob patins. Claro que a bicicleta é o forte da maioria. E quando uma loiraça surge perante nós dançando sob os patins, é o despertar dos que ainda aproveitam a viagem para dormitar e nada melhor que uns bitaites á moda do norte carago, porque somos portugueses e basta.
Sete horas!
Mochila às costas, cafezinho do tamanho das duas mãos lá vou eu em direcção a este colosso da BMW, que quanto mais olho e ajudo a dar forma, mais me fascina a grandiosidade deste país.





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