A
noite ainda está tão escura, repleta de estrelas quando saio para o trabalho.
Dormi
poucas horas, ainda na fase da adaptação e sozinho fico sem defesas nos sonhos
que me assolam.
Ao fim
de alguns quilómetros deparo nas eólicas que ocupam um vasto campo. Imagino
árvores enormes sugando o vento de ramos bem abertos, para alimentar os seus
rebentos.
Rolamos à velocidade que nos apetece em três faixas de rodagem, já que neste troço da
autoestrada, não há limite de velocidade.
O tráfego
é intenso nesta hora ainda escura e na faixa da direita os camiões agrupam-se
em filas longas. Na do meio vão os mais relaxados, sem pressa de chegar aos
seus destinos. E na da esquerda vão os sepidados da velocidade, ultrapassando
os duzentos na maior das facilidades.
O dia
abre-se à claridade, desaparecendo a noite que leva as estrelas e os sonhos que
cada uma delas transporta.
Mas
uma delas cola-se a mim e vai comigo acompanhando-me neste começo do dia.
Escolheu
o seu cantinho bem junto ao meu coração e sinto-o já com batimentos fortes,
essa força que necessito, para espalhá-la pelas longas horas que me espera o
dia.
Percorro
já meio percurso, quando o aeroporto, onde ´pela primeira vez pus os pés nestas
paragens, me surge em toda a sua grandiosidade.
Há
sempre um avião a chegar ou a partir e por diversas vezes, já nos cruzamos
quase mano a mano. Ou seja, nós passamos por baixo e ele passa em cima em
velocidade reduzida, bem por cima das nossas cabeças.
É uma
imagem fantástica, aquela ave de metal, uns metros acima de nós. Imaginando eu,
os olhares saídos de lá de dentro pelas janelas, dos passageiros, cada um com
sentimentos diversos, perante o tráfego rodoviário que desaparece por momentos
por baixo da pista, onde se prepara para ao fim, ou ao início da viagem.
Já
falta pouco para chegarmos e a placa a informar que a BMW fica para a direita,
aparece como um foguete. Talvez, levados pelos aviões a carrinha não rola, voa!
São
dois quilómetros que nos separam e neste percurso já com semáforos a cada
quinhentos metros, vejo casais no seu jogging, cada um com as suas manias.
Correm
simplesmente, ouvindo musica como inspiração para o andamento pretendido.
Ou
utilizam skis, para impulsionarem o andamento sob patins. Claro que a bicicleta
é o forte da maioria. E quando uma loiraça surge perante nós dançando sob os
patins, é o despertar dos que ainda aproveitam a viagem para dormitar e nada
melhor que uns bitaites á moda do norte carago, porque somos portugueses e
basta.
Sete
horas!
Mochila
às costas, cafezinho do tamanho das duas mãos lá vou eu em direcção a este
colosso da BMW, que quanto mais olho e ajudo a dar forma, mais me fascina a
grandiosidade deste país.
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