domingo, 9 de setembro de 2012

Cidades Cheias de Vida



Leipzig cidade alemã alvo de duas grandes guerras, que lhe perfuraram as entranhas não deixando pedra sob pedra.
São semáforos e mais semáforos, onde o vermelho nos faz parar, com a raiva de nós sabermos que será assim a cada um que nos apareça.
A cidade fervilha de vida, o que nos deixa de sorriso aberto, já que onde nos encontramos, não se vê viva d’alma, todos se refugiam fechando a porta, deixando a vila entregue ao sossego que trás a noite.
Bem no seu coração lá estão as imponentes catedrais, agora em fase de grandíssima conservação. Tendo em destaque nas suas entradas, placas elucidando esses mesmos períodos, 1914-1918/1939-1945, onde sobreviveram aos constantes ataques nessas guerras destruidoras.
Também no seu coração ferve a noite nos fins-de-semana. E ontem era uma romaria para os bares repletos de jovens de todas as idades. Machões, gays, lésbicas e acompanhantes, o eldorado para todos os gostos, prontos a saciar o ebulir da adrenalina.
Os passeios estavam a abarrotar de bicicletas presas às grades das janelas das caves dos prédios. Os jovens alemães, vão de bicicleta para os bares, assim sentem-se seguros quanto á policia aparecer e não só, também faz parte da sua cultura. Mas era caricato assistir a alguns quando a noite já ia bem alta, tentando montar nelas e ainda nem tinham posto os pés nos pedais já caiam como folhas secas, originando gargalhadas dos que com a caneca na mão, estavam no mesmo estado.
Lá dentro nos bares, era a loucura total. Que mistura de línguas!
A falar numa algaraviada incompreensível, mas tudo valia quando o importante era dançar e brindar com estrondo de encontro às canecas sempre cheias.
A beijar. Nos recantos entalados como sardinhas em lata, já que o espaço não dava muitas folgas para os mais excitados lamberem-se demoradamente.
Bares apinhados e tão estreitos, entre o balcão e as mesas, que quando alguém passasse, sentia-se o odor de quem lá ia.
E se esse alguém fosse mulher, era o reguilar dos olhos, para num abraço fraternal (ou talvez não), trocar uns encores da música desse momento.
A mim saiu-me na rifa um brasileiro abichanado, que me disse logo que português é pobre.
Dei-lhe um encontrão para o lado, pensando que o gajo bazasse, mas parece que ficou gostando e foi-se encostando a cada um que passasse e obrigasse a dar passagem.
Português é pobre dizia o brasileiro maricas, e um vai-te foder saiu logo da minha boca. Mas o gorducho cabeludo retaliou:- foder foi de tarde cara!
Nisto chegam dois turcos (raça terrível por estas bandas) e levam o pobre coitado em frente, por entre sorrisos e propostas de fim de noite.
Português me ajuda, gritava ele já habituado a este tratamento com uma voz que anunciava não preferir turcos nesta noite.
Juntou-se o resto da malta que estava junto a mim e durante uns minutos, curtiu-se este brasileiro de manaus. Gorduchote. baixote, com os cabelos pela cinta. Pedindo cerveja, mas de nada valeu, já que dinheiro, todos nós pouco temos e como ele dizia “ Português é pobre”!
É mágico, digo mesmo mágico, tentar compreender as alemãs!
Falam rápido e dos seus, metro e oitenta, não dá muita margem de manobra para mordiscar uma pálpebra.
Enfim, lá se foi a noite e quando apanhei a cama dormi como um anjo, no meio deste céu, que ainda pouco se abriu para lhe descobrir a cor.





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