Leipzig
cidade alemã alvo de duas grandes guerras, que lhe perfuraram as entranhas não
deixando pedra sob pedra.
São semáforos
e mais semáforos, onde o vermelho nos faz parar, com a raiva de nós sabermos
que será assim a cada um que nos apareça.
A cidade
fervilha de vida, o que nos deixa de sorriso aberto, já que onde nos
encontramos, não se vê viva d’alma, todos se refugiam fechando a porta,
deixando a vila entregue ao sossego que trás a noite.
Bem no
seu coração lá estão as imponentes catedrais, agora em fase de grandíssima conservação.
Tendo em destaque nas suas entradas, placas elucidando esses mesmos períodos,
1914-1918/1939-1945, onde sobreviveram aos constantes ataques nessas guerras
destruidoras.
Também
no seu coração ferve a noite nos fins-de-semana. E ontem era uma romaria para
os bares repletos de jovens de todas as idades. Machões, gays, lésbicas e
acompanhantes, o eldorado para todos os gostos, prontos a saciar o ebulir da
adrenalina.
Os
passeios estavam a abarrotar de bicicletas presas às grades das janelas das
caves dos prédios. Os jovens alemães, vão de bicicleta para os bares, assim
sentem-se seguros quanto á policia aparecer e não só, também faz parte da sua
cultura. Mas era caricato assistir a alguns quando a noite já ia bem alta,
tentando montar nelas e ainda nem tinham posto os pés nos pedais já caiam como
folhas secas, originando gargalhadas dos que com a caneca na mão, estavam no
mesmo estado.
Lá
dentro nos bares, era a loucura total. Que mistura de línguas!
A
falar numa algaraviada incompreensível, mas tudo valia quando o importante era
dançar e brindar com estrondo de encontro às canecas sempre cheias.
A
beijar. Nos recantos entalados como sardinhas em lata, já que o espaço não dava
muitas folgas para os mais excitados lamberem-se demoradamente.
Bares apinhados
e tão estreitos, entre o balcão e as mesas, que quando alguém passasse,
sentia-se o odor de quem lá ia.
E se
esse alguém fosse mulher, era o reguilar dos olhos, para num abraço fraternal
(ou talvez não), trocar uns encores da música desse momento.
A mim
saiu-me na rifa um brasileiro abichanado, que me disse logo que português é
pobre.
Dei-lhe
um encontrão para o lado, pensando que o gajo bazasse, mas parece que ficou
gostando e foi-se encostando a cada um que passasse e obrigasse a dar passagem.
Português
é pobre dizia o brasileiro maricas, e um vai-te foder saiu logo da minha boca. Mas
o gorducho cabeludo retaliou:- foder foi de tarde cara!
Nisto chegam
dois turcos (raça terrível por estas bandas) e levam o pobre coitado em frente,
por entre sorrisos e propostas de fim de noite.
Português
me ajuda, gritava ele já habituado a este tratamento com uma voz que anunciava não
preferir turcos nesta noite.
Juntou-se
o resto da malta que estava junto a mim e durante uns minutos, curtiu-se este
brasileiro de manaus. Gorduchote. baixote, com os cabelos pela cinta. Pedindo cerveja,
mas de nada valeu, já que dinheiro, todos nós pouco temos e como ele dizia “
Português é pobre”!
É mágico,
digo mesmo mágico, tentar compreender as alemãs!
Falam rápido
e dos seus, metro e oitenta, não dá muita margem de manobra para mordiscar uma pálpebra.
Enfim,
lá se foi a noite e quando apanhei a cama dormi como um anjo, no meio deste céu,
que ainda pouco se abriu para lhe descobrir a cor.
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