As Festas das Cruzes, estão tão perto de mim, embora
bem longe da sua azáfama. Que pelos anos já passados e vivendo esta romaria anualmente,
já que vivo colado ao seu frenesim. Adivinho sem gastar muito esforço dos meus neurónios,
ainda a recuperar de uma semana caótica em desidratação calorífica. Tudo o que
a festa vai desabrochar nestes longos dias de música e gritaria.
É a primeira romaria, das muitas que vão dar um pouco
de alegria ao povo, neste ano tão difícil. Apesar das alegrias não pagarem
dividas.
E como é a primeira, é normal que os portugueses
corram em massa para passarem umas horas bem no centro do Minho. E Barcelos
será falado em todas as esquinas, pela romaria fervilhando de despojos espalhados
pelo enorme recinto, a que se junta a famosa lenda do galo.
E não só!
Espanhóis chegam aos molhos. Já é tradição no 1º de Maio a Festas das Cruzes
falam espanhol. E é ver os autocarros de malas abertas com as cadeiras práticas
do abre e fecha, onde sentadinhos, saboreiam o farnel feito bem cedinho, para
acompanhar as cruzes, até que ao fim da tarde regressem ao seu cantinho.
A cidade enche-se de luz e exultação, com música à mistura
e até ao seu final, haverá folclore e bandas conhecidas. Guitarradas e cantares
ao desafio. Tasquinhas para se provar as iguarias das festas.
São entretenimentos
que dão divertimento ao frenesim da canalhada repleta de valentia e
repetidamente desafiam a adrenalina e num sob e desce a toda a velocidade, gritam
numa acho eu, de alegria.
Matraquilhos, para desafiar quem entra para os que
vencem, jogar sem pagar.
Bazares repletos de bonecos de peluche, muitos deles
do tamanho de quem os transporta. A abarrotar de gente à espera que lhe saia o
número da sorte e possa escolher de tudo um pouco, porque aí existe o que
agradar a quem a sorte calhar.
Bifanas e pão com chouriço, saído de fornos a lenha,
para, quem fica pela noite dentro em esplanadas que dão para ver quem passa. E
assim já se contenta com este jantar, que só a chuva pode resolver estragar.
Churros, farturas. Para saborear enquanto se vai ter
ao carro bem longe do centro das festas, porque verdade se diga os parques de
estacionamento, são em terrenos baldios,
à entrada da cidade ou por cima dos passeios que nem as rotundas se safam.
Bancadas atulhadas de peças de roupa, de calçado, de
relógios, de óculos, de fruta. Enfim um mar de tudo. Num mar de gente,
procurando as melhores peças, a preços tão loucos que dá para desconfiar
A batalha das flores. Vinte e tal carros alegóricos de
algumas freguesias que compõe o maior concelho do país e lá vão as mulheres e
homens de cesto metido no braço, cantando e dançando. Ao mesmo tempo, lançando
flores para o povo que enche as principais ruas de Barcelos.
Num ponto estratégico encontram-se e então aí trava-se
a batalha das flores que dá um belo colorido às ruas por onde passaram.
Por fim temos o fogo. O ícone das festas.
Dura largos minutos, em múltiplas cores pelos lançamentos
seguidos. O céu abre-se num clarão que apaga a noite e lhe dá um colorido
diurno.
E em dois saltos chega-se ao rio e novamente o fogo brota, numa intensidade tal que transforma as águas calmas do Cávado num enorme espelho colorido.
E em dois saltos chega-se ao rio e novamente o fogo brota, numa intensidade tal que transforma as águas calmas do Cávado num enorme espelho colorido.
Que beleza se transforma a entrada da cidade com todas
aqueles pontos luminosos ancorados nos muros que a protegem.
Uns regressam, mas a vontade era lá permanecer, porque
o povo já se aglomera, na maioria jovens, sedentos de agradar e ser admirados
numa noite que se prolongará até creio eu, ao raiar do dia.
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