domingo, 7 de abril de 2013

O grito ainda Acorrentado



Todos nós temos um grito de revolta apertado tão
perto do céu-da-boca, ou a guilhotinado na palma da mão. Que quando se libertar, irá explodir violentamente, salpicando todas as barreiras, mesmo as de betão, que foram colocadas como protecção. De enormes slogans, que perdurarão infinitamente, em filas de perder de vista, autênticas pirâmides egípcias, para figurar na nossa história.
Por enquanto eles vão saindo, aos soluços, esfumando-se no espaço, abafados pelo vento.
 Ora em situações espontâneas.
 Na maioria isoladas em conjunturas dramáticas, visando uma parcela da Sociedade, revoltada com a perda de direitos soberanos.
Ora em manifestações mais ou menos organizadas. Juntando quem dá a cara, gritando por tudo o que já lhe roubaram. Martirizados por dias e dias a penar por soluções, sem resultados à vista.
Mas escondendo atrás das cortinas das varandas, os que espiam as marchas lentas do sopé da avenida, até ao cruzamento da saída das cidades. Esperando que os que estão por baixo calcorreando as estradas com o asfalto já gasto por pegadas infinitas. Conquistem por eles as reivindicações legítimas.
Mas esperem, não sentados. Mas em bicos de pés, esse grito!
Enorme grito! Saído de milhões de bocas. Em uníssono. De Norte a Sul.
Irá ser terrivelmente estridente!
Semelhante a uma onda radioactiva, varrendo tudo em seu redor e rebentará com os tímpanos dos que se fizeram surdos e mudos, gozando a seu belo prazer, com as desgraças dos até então moribundos.
Leve o tempo que levar.
 E acredito está para breve, já que o povo desespera vendo tanta desgraça. Esse grito, ainda meio escondido na palma da mão, soltar-se-á num simples gesto e….
Pena os que já não poderão abrir a boca, fechada para sempre em sete palmos de terra!  

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