O jogo do Euromilhôes tornou-se a sagrada
esperança para milhões de portugueses e Europeus, sonhar com a riqueza que
ilumina a certeza em jogar, porque se não o fizermos, certamente nada nos
sairá.
Chega a sexta-feira, milhões jogam na sorte
do pouco ou muito. Ou nada!
Todos querem o primeiro prémio. Mas se for o segundo já ajuda a equilibrar a vidinha e talvez sobrando um pouco para os mais chegados da família, que é sempre lembrada nestas ocasiões.
Todos querem o primeiro prémio. Mas se for o segundo já ajuda a equilibrar a vidinha e talvez sobrando um pouco para os mais chegados da família, que é sempre lembrada nestas ocasiões.
Claro que muitos dão-se por satisfeitos com o
segundo, numa espécie de contentamento, já que o primeiro é sempre o mais
difícil de atingir e só um milagre, poderá dar esse consolo ao felizardo que
lhe sair.
Mas sai sempre! E se não sair hoje irá sair
na próxima, ou na próxima… Sair é que tem que sair. Diz o povo e com muita
razão!
E como tem que sair a alguém demore o tempo
que demorar. Faz, correr com os felizardos num pé só, rumo a um avião para bem
longe do bairro onde assenta arraiais. Envolvidos num mar de alegria e
felicidade incontida, quase a roçar um ataque que levará tudo a perder antes
mesmo de sentir os milhões e milhões que darão para comprar este mundo e o que
aí vem!
Estou a imaginar todo aquele mar de dinheiro,
que enche uma caixa forte, tipo tio patinhas, onde as notas até são expelidas
pelas ranhuras das portas de tanto dinheiro lá introduzido, que de certeza
levará à loucura momentânea a quem tem essa fezada. De primeiro nem acreditar
que lhe saiu, pedindo a quem está junto a ele: belisca-me, morde-me o braço e
até num frenesim canibalesco. Ferra, ferra por amor de Deus, para eu saber que
não estou a sonhar!
E á hora marcada, milhões de olhos postos na TV, rezam para que as bolinhas tragam os números do seu boletim e esses mesmos olhos parecem saltar das órbitas e entrar também na roda da sorte. Procurando as bolinhas do primeiro, para as fazer sair pelo palanque e rolarem suavemente pelo corredor metálico e pumba lá está a primeira.
E á hora marcada, milhões de olhos postos na TV, rezam para que as bolinhas tragam os números do seu boletim e esses mesmos olhos parecem saltar das órbitas e entrar também na roda da sorte. Procurando as bolinhas do primeiro, para as fazer sair pelo palanque e rolarem suavemente pelo corredor metálico e pumba lá está a primeira.
Logo milhões, gritam pela Europa fora! Foi o
meu olho, foi o meu olho!
Vem a segunda bolita e ainda milhões voltam a gritar!
Vem a segunda bolita e ainda milhões voltam a gritar!
Foi o outro meu olho, á grande olho, foste
buscar logo o segundo. Só faltam três, esfregam as mãos numa de que é agora ou
nunca.
Rola o terceiro e quase um milhão, batem
palmas e viram-se para as suas Marias e dizem: já ganhamos algum! Já paga o que
gastamos. Reza Maria, tu que vais à Missa todas as semanas. Reza e ao menos que
saia mais um!
A quarta salta como quem não quer sair junto das outras. E milhares já sentem um friozito pela coluna acima e tentam esconder a ansiedade de gritarem que já têm quatro números.
A quarta salta como quem não quer sair junto das outras. E milhares já sentem um friozito pela coluna acima e tentam esconder a ansiedade de gritarem que já têm quatro números.
E a quinta e última, cai como uma pena. Levando à resignação milhões, que já sabem de Barcelos até ao coração da velha Europa,
que não será desta vez que algo de palpável lhes sairá.
Rolam as bolas das estrelas, para iluminarem
os que ainda alimentam as esperanças do grande prémio. Que será a loucura
total!
Primeira estrela! E milhares vêm logo milhões
de estrelas, como se de um terrível soco se tratasse e ficam logo K
E chegamos à última bola!
A bola que poderá ser a alegria sem fim para
alguns, ou até um só. Das centenas que estão, já sem unhas, a sangrar pelos
sabugos e com princípios de incontinência urinária.
E ela sai devagar devagarinho. Para muitos,
séculos de espera na saída.
E pronto, ponto final em mais um concurso!
E pronto, ponto final em mais um concurso!
Se não foi desta vez, para a semana terá mais
uma oportunidade em ganhar, basta apostar! Finaliza assim a apresentadora, para
levantar a moral aos que nada ganharam.
E o vencedor quem foi?
Ninguém sabe e todos querem saber! Tanto
dinheiro, tanta coisa para poder comprar!
Duas horas depois o veredicto final! A Europa é percorrida e PUM. O primeiro prémio foi para Portugal!
Duas horas depois o veredicto final! A Europa é percorrida e PUM. O primeiro prémio foi para Portugal!
Acabaram em tribunal, desavindos porque o
dinheiro lhes subiu àquelas cabecinhas, apagando um amor que se dizia para toda
a vida e foi por água abaixo, com tanto dinheiro que lhes caiu em sorte……
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