Andamos a vinte à hora, muito mais que meia
hora.
E não descobrimos uma brecha, para me
esgueirar deste trânsito caótico
Chove à velocidade do nosso andamento
E é fácil, tudo virar aborrecimento.
Inclino a cabeça para baixo num rapidíssimo sono
de segundos.
Ouço as risadas dos resistentes por enquanto,
numa de heróis por momentos.
Passados minutos irritantes, todos se rendem
ao cansaço. E o silêncio é dono do nosso espaço.
Tardamos a chegar ao lar. Numa noite em que
as luzes iluminam o asfalto.
Dos vinte, passamos aos sessenta e o desabafo
de chegar mais rápido desvanecesse em poucos quilómetros.
Uma hora, duas horas e não se deslumbra a
meta da chegada.
No pára e arranca, salva-se a esperança de temos
todo o tempo do mundo, para devorar umas buchas.
Por fim estacionamos no primeiro buraco que
encontramos.
São quatro andares com setenta e oito escadas
contadas até à exaustão.
Lançamos o corpo para o primeiro” baloiço”
que nos amortece os ossos.
E a mesa farta-se de embalagens de enchidos,
meias vazias e a abarrotar de pequenos fios de gordura que se acumulam nas orlas.
O pão pode ser do dia anterior, mas a vontade
de trincar qualquer coisa, dá cor ao nosso rosto.
Por fim o banho retemperador!
Leva as poeiras que teimosamente se infiltram
no corpo e a dureza de um dia que leva horas a terminar.
A cama, seja composta ou recentemente mudada,
é o recanto de sonhos que nos comandam a vida.
Nela recuperamos as forças.
Nela revivemos
os rostos de quem nos mantêm vivos!
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