segunda-feira, 9 de março de 2009

O Domingo Virado para a Religião!


Voltou o domingo!
Deito-me já tarde e claro, tarde me levanto! Desta vez sem alaridos de paixão, mas feliz, sabendo que alguém me dá o antídoto que me fás sorrir de peito aberto para o mundo.
Domingo cheio de sol para alegria de um povo arredado dela por motivos sobejamente conhecidos
Sol que penetrava no corpo e fazia reluzir um ligeiro sorriso que ampliava a satisfação na certeza de umas horas com sol, até a noite cair.
Começo com o indispensável café, único vício que me corrói o corpo e me obriga a recorrer a três por dia.
Depois de um almoço de arroz de pato caseiro, que me obrigou a desfiar a carne com os garotos, onde se aproveitou para por a conversa em dia e elogiar o puto mais novo acabado de vir de um jogo de futebol, onde marcou cinco golos e como é lógico não parava de se auto elogiar tamanha a excitação que demonstrava.
Aproveitei a tarde para assistir à Procissão de Passos, cerimonia religiosa que evoca todos os passos de Cristo até à morte.
Já não o fazia à uns bons anos e como acabei de regressar de umas férias que refrescaram as minhas ideias. Pudera, o gelo galgou as roupas e penetrou corpo acima e corpo abaixo, encolheu as partes que nos conferem o poder de macho, deixando-me dias sem vontade para reagir a estímulos vindos de olhares maliciosos. Mas aliviou o cérebro já saturado de uma rotina sem fim.
Então resolvi ficar por cá e passar o Domingo junto às minhas origens, bem perto do coração de uma cidade que confesso já pouco me diz.
Enquanto aguardava que a Procissão chegasse ao local onde resolvi permanecer, com as ruas apinhadas de gente, pus-me a percorrer toda aquela gente acotovelada umas nas outras, na esperança de obterem os lugares da frente para melhor verem todo o desfile e pesarosamente observei como esta crise está a por todos nós (uns mais que outros).
As pessoas estão mais pobres, cada vez mais! Carregam um semblante triste, sem alegria no olhar e por momentos vi-me miúdo. Onde as pessoas eram na maioria pobres, as melhores roupas eram idênticas ás dos dias de hoje. Só a alegria de antigamente era mais pura da de hoje, onde a alegria se fecha num horizonte cada vez mais nebuloso.
Era cativante a vida uns anos antes! Onde todos tinham poder de compra e uma Procissão como a de hoje, reflectia a alegria de milhares em mostrar a redoma em que estava incutida a sua vida.
O dinheiro rodava num círculo que envolvia quem comprava e quem vendia. Que por sua vez levava os que vendiam a comprar aos que tinham antes comprado. E assim se mantinha uma Sociedade feliz, prospera e que todos infelizmente julgavam se manteria por gerações de filhos e até de netos.
Até os famosos bolos de Romaria, vendidos ao virar de cada rua e facilmente identificados pelo cartucho de papel branco e que era o mata-fome dos miúdos já cansados da espera pela Procissão, sentados nos passeios. Deixaram de ser avistados, aparece um aqui, outro mais adiante e assim se percorre centenas de pessoas. Já que o dinheiro se vai e já é pouco para tanta despesa.
A Procissão passou! Os figurantes coitados, a maioria crianças cansados de uma longa travessia pela cidade com paragens a cada vinte metros ansiavam pelo seu final já não conseguindo seguir o alinhamento apesar da ajuda dos Escuteiros, auxiliadores voluntariosos.
Passou o imponente andor com o Senhor dos Passos! Majestoso na sua envergadura! Dez homens carregavam-no Avenida acima, batendo com o suporte (para segurar o andor aquando das paragens) no chão, num som ritmado que entoava por cima das cabeças de todo aquele povo paralisado pela emoção de um momento religioso que nos envolve. Outros tantos faziam a guarda e prontos para a necessária substituição dos colegas.
De seguida outro, o de Nossa Senhora de manto azul que cobria a parte de trás do andor onde figuras femininas importantes cá da terra de olhar sério mas perscrutando todo o povo na tentativa de ver quem cá estava e serem vistas, no lugar que não é para qualquer uma.
E antes de levarmos com a banda de música, que encerrava a Procissão, assistimos ao momento alto de toda esta marcha religiosa, a comitiva que ocupava o Páleo. Desde figuras religiosas como o Bispo, o Arcebispo e as altas caras conhecidas da cidade e do distrito. Presidente da Câmara, Deputados, Empresários etc. Um rebanho de autoridades, com o Bispo a pastor.
Findou a Procissão! Acabei o dia rodeado de pastéis de carne e empadinhas, tudo quentinho com o vinho branco maduro alentejano bem fresquinho que regou uma garganta seca de emoções, mas virado para a Fé. Que apesar de tudo, sigo com frequência, não só pela educação que me deram e que transmito aos meus filhotes, como no acreditar que a fé move montanhas e inspirando esta mesma fé, caminho feliz em direcção ao futuro que parece tão longínquo, mas é já ao virar da esquina.

3 comentários:

OnlyMe disse...

O domingo vale por isso mesmo. Pelo descanso. Pela família. Para fazermos o que mais gostamos. Para descansarmos e relaxarmos para mais uma semana de trabalho que, parece-me, não é o teu caso. Ainda continuas de férias?! Há gente com muita sorte!! lol

Jinhos :)

Nuno Pereira disse...

Raivosita!
Trabalho forte e feio!
As ferias foram o carregar as baterias de emoções e ilusões!
Ilusão de que isto mude, para que todos tentemos viver melhor e com mais alegria. o que se está a tornar um pouco difícil.
A minha sorte sao as minhas qualidades.
Sinto que és uma boa mulher, mas que ferve em pouca agua!
Uma beijoca, que já mereces!

OnlyMe disse...

Fervo em pouca água?? Não entendi essa!! O que te leva a pensar isso?!
Agora amuei!! lool