terça-feira, 10 de março de 2009

Os Momentos que Povoam a Memória



Éramos meia dúzia de amigos e colegas de ocasião, prontos a beber umas canhas e comer umas tapas, depois de um dia a desafiar as montanhas dos Pirinéus, resguardados e almofadados dos pés à cabeça para que as quedas não deixassem mossas, mas elas aconteciam sem gravidade, onde a neve penetrava pelas costas e arrefecia o traseiro ao mesmo tempo que se tornava liquida deixando uma sensação amarga de um rabo meio molhado colado ás calças. E esquiássemos aproveitando a extraordinária paisagem com um tempo magnífico, o sol contemplou-me do início ao fim, na semana de umas férias, aguardadas com aquela ansiedade de meninos, que ao longo da vida não deixamos de o ser.
E o restaurantezeco típico, com as chouriças caseiras e presuntos pendurados na chaminé a curarem para adquirirem aquele sabor de deixar agua na boca. Bem num canto, ao pé dos quadros que enalteciam as pessoas famosas lá da zona que tinham colocado o pé neste cantinho. Com o balcão envidraçado, cheio de iguarias tradicionais (as chamadas tapas) e as canhas (cerveja a copo) a rodarem balcão fora e ornamentarem as mesas cheias de pessoas ávidas para refrescarem as gargantas de um dia intenso deixando os lábios secos e o estômago com um ratinho incomodativo.
E a dado passo por entre gargalhadas e um desfilar das peripécias de umas descidas meias vertiginosas onde nem as quedas paravam tal speed, só terminado no final, onde se juntavam milhares de esquiadores de material às costas, prontos a regressarem nos autocarros rumo ao aconchego, como neste caso de um bar. A cantar aquelas canções tradicionais, que enchem as nossas memórias de tempos passados e desafiares a mesa ao lado, onde o ora agora cantas tu, ora agora canto eu, se prolonga pela noite e ninguém quer dar parte de fraco e vive-se uns momentos espectaculares, com o desfilar de canções sem fim.
Passado algum tempo tens o restaurante animado, com todos a cantarem e a baterem palmas num ambiente lirico, que enche as caras e os corações de quem lá está de uma alegria maluca e entusiasmante.
És agraciado com mais umas rodadas de graça e sentes-te nas nuvens, porque te divertiste. Fizeste com que muitos passassem bons momentos e arranjastes novos amigos, sinal de que o mundo não é tão insensível como isso. Para isso basta te rodeares de pessoas alegres e que podem proporcionar bons momentos.
Não se olham a classes (e existia pessoas com profissões elevadas), todos cantam. Todos se divertem.
Canta-se o fado, canções do saudoso 25 Abril e tudo o que nos vem à memória.
O momento é entusiasmante e nesta fase a voz já está rouca e gasta. Ainda bem, já que o reportório esgotou-se. E o repetir torna-se sinónimo de desgaste.
É hora de regressar ao hotel e preparar-me para dormir um pouco, porque umas horas depois à que levantar cedo, o autocarro não espera e mais uma pista se abre no meio de montanhas enormes tão brancas, prontas a receber estes esquiadores de meia tigela, para se divertirem a gozarem um pouco das maravilhas que a natureza nos proporciona. Que com a intervenção cuidada da mão do homem originam cenários para a prática de desportos fantásticos, que superam e justificam o investimento que leva meses a amealhar.

2 comentários:

OnlyMe disse...

E as mulheres onde ficaram?! Humm??? Agora é que já percebi tudo!! haha
As fotografias estão engraçadas! :D

Nuno Pereira disse...

As mulheres ficaram no nosso coração!
Mulher só à uma a minha e mais nenhuma!