sexta-feira, 13 de março de 2009

Quero Começar a Escrever Mas Não Consigo


Foi assim que uma das minhas cartas, nos meus loucos vinte anos começava!
Dirigida a uma miúda que conheci numas férias à beira mar, que mal a vi senti que a tinha que conhecer e partilhar com ela essa semana, porque ela era tão bela e tão pura.
Era mesmo bonita com um corpo louco, mesmo louco!
Via de fato de banho, logo que cheguei à praia para me juntar aos meus pais. Parei estático em frente a ela não acreditando que uma sereia tinha pousado no sector de barracas dos meus velhos e família que enchiam um corredor de mais de dez barracas, alugadas durante um mês, onde toda a família se juntava, matando saudades de um ano sem notícias, para a maioria deles.
Via à noite, na hora do café ponto de encontro para toda a juventude que se queria mostrar e local de nascimento de namoricos de Verão, que se vão, logo que o Outono dá sinais de estar próximo. De cabelo solto e com aqueles olhos negros que me devoravam numa timidez infantil (tinha 17 anos), que me puseram a contar carneiros durante a noite.
O sono não chegava e a excitação em a conhecer engolia as horas de uma noite a ouvir o mar e a magicar como iria meter paleio com esta jovem que me derretia pura e simplesmente, já que nem ela sabia a beleza que escorria daquele corpo de uma pureza sem fim!
Partilhamos momentos tão simples e tão íntimos, a nossa preocupação era só estarmos juntos. Bem longe do aglomerado de veraneantes que o mês de Agosto juntava numa praia tão concorrida e afastávamo-nos para as dunas vistas numa linha tão longe mas com tempo de elas nos pertencer.
E antes de lá chegarmos de mão dada, esperávamos o rebentar das ondas ainda afastadas, para quando a agua salgada do mar, chegasse finalmente à areia e retornasse a sua viagem de regresso ao mar. Nós marcássemos as nossas pegadas na areia húmida e o ultimo teria que andar sob as pegadas do primeiro e vinte metros mais à frente, o primeiro que era sempre eu, abrisse os braços e amparasse aquela sereia vindo do nada. E ali estava colada a mim, num beijo tão meigo e tão puro, que nem o som da onda a rebentar, com a agua bem fria molhando o nosso corpo tao quente de paixão, fazia esfriar.
Acabamos escondidos num cantinho resguardado por duas dunas, mais parecendo um bunker só com o céu como testemunha.
Aí pude testemunhar toda a sua beleza! Estava tão feliz e tão fora de tudo que ficamos até o sol começar a dar sinais de se pôr bem longe da linha do mar (que quando era miudito dizia que era ali que ficava o Brasil, porque o Brasil segundo o meu pai, ficava depois de mar acabar).
Regressávamos apressados de encontro ao corredor das barracas, um pouco afastados (olha o respeito), e sempre com a família preocupada com a demora e com cara de poucos amigos.
Foi uma semana de sonho que se tornou realidade!
Mas a semana terminou! Eu fui para a minha vida e ela regressou ao seu mundo tão distante do meu, que só por carta, nós emitíamos lascas de uma paixão que queria a toda a força florescer, mas a distância formava uma barreira tão alta que enquanto as cartas se trocavam numa correria para não amolecer a paixão. Ela ainda ganhou asas e voava de carta em carta, até que; numa última carta, que seria mesmo a última, mas tinha que a enviar.....................................
Quero começar a escrever mas não consigo!
Tenho tanto para te dizer, mas tudo se cruza, formando um enorme engarrafamento no meu cérebro.
Preciso de um juiz para coordenar e escoar este trânsito composto de realidades, que me mudaram e que proporcionaram uma séria viragem na minha vida.
Essa viragem deu-se quando alguém, correu para mim! Oferecendo-me o seu amor e a sua companhia, hora a hora. Minuto a minuto!
Foi aí que eu me refugiei, foi aí que desabafei as minhas mágoas. Foi aí que eu busquei um pouco de tudo. Mesmo tudo!
………..Só lamento agora que aprendi muito e quero aprender mais e mais. Não poder descobrir um pouco mais a imensidão de sensações que o mundo nos delicia. Sinto no fundo do meu ser que tenho amor para o partilhar com uma duas ou mais mulheres.
Mas é com esta que vou ficar, porque está comigo a todo o momento.
Sem pressas!
Sem portas para bater e alguém não as poder abrir para a deixar no dia seguinte voltar, para os meus braços!
Sem compromissos, mas a necessidade de estar junto a ela, é tão forte como o ar que eu respiro!
Sem tabus que impeçam viver uma paixão de dois adultos sistematicamente, procurada nos esconderijos, marcados com o nosso suor e amor. Que só a nós pertencia!
Esquecer-te nunca! A pureza do teu ser naqueles dezassete anos tão puros e tão perfeitos, deram um laço na minha vida que nunca será desfeito. E que o tempo irá se encarregar de o resguardar junto a meia dúzia deles que já lá encontraram o seu cantinho.

3 comentários:

OnlyMe disse...

Vinte anos... agora fiquei com saudades desse tempo! E dos namoricos nem falo... ;)

Afinal não sou só eu que ando a abrir o baú das recordações... sabe sempre bem reviver momentos que ficaram guardados num cantinho do nosso coração... e como eu costumo dizer, o meu coração é muito grande e tem muitos espaços vazios... :D

Bom fim de semana. Aproveita bem o sol e o descanso entre a família.

Jinhos :)

Heduardo Kiesse disse...

bela e sentida história de afectos e factos!




abraço

Nuno Pereira disse...

Tenho tanto para contar dessa época. em que tudo foi espectacular!
Um abraço aos dois!