domingo, 12 de dezembro de 2010

O Natal dos Sábados



Começam os jantares de Natal.
É jantar de Natal do emprego, do desemprego, do futebol, dos biscates ao fim de semana, dos caminhos de Santiago e dos caminhos ainda por desbravar.
Enfim, é jantares de Natal para dar largas à alegria nesta quadra que nos amolece o coração, em prol dos mais desfavorecidos.
Ontem tive o primeiro, de alguns nestes próximos dias.
Somos um grupo onde só me encontro com eles uma vez por semana e depois de um dia de muita azáfama, lá fomos direitos ao restaurante para, primeiro comer e beber. Estávamos cá com uma fome que a mesa das sobremesas, embora um pouco afastada, a cada olhar, parecia que se aproximava de nós e nos testava para pegar naqueles sonhos e rabanadas tão deliciosos (as).
Mas nós como meninos bem comportados em nada tocamos, até que chega uma atrevida e zás, lá vai um sonho.
Logo grande correria e um de cada vez, tinha chegado a nossa vez.
O karaoke era o ponto alto da festa e no grupo despontava uma miúda que segundo ela, era craque nas cantorias karoquianas.
No meio dos aperitivos e enquanto não chegavam as ultimas: sempre alguém se atrasa, porque todas querem chegar despontando a beleza que Deus lhes deu e o gosto no vestir, que muda colegas escondidas nas fardas do trabalho em fadas durante algumas horas.
Abre-se o extenso rol de músicas para cada um dar largas aos seus dotes e embora todas em inglês, porque de músicas portuguesas nem sinal. Toca a dançar e a cantar, porque a noite era para divertir e deixarmo-nos de pieguices refugiados nas cadeiras.
Uns minutos depois estamos todos e todos embora poucos, fazemos algazarra por uma multidão.
Vem o bacalhau com puré, boa posta e o puré não é do agrado, embora estando com muito bom aspecto. O vinho maduro tinto de 2006, alentejano de gema, escorrega que nem chocolate e aquece o corpo para estar pronto para a cantoria.
Todos saltam, todos dançam. Todos já somos craques no karaoke e as horas avançam num ritmo alegre de boa disposição.
Um momento de pausa para alguns e chegam as sobremesas com vestígios de já terem sido visitadas, ainda nem em musica se pensava.
Dois cubinhos de mexidos metidos na boca e toca a correr para o ecrã da cantoria.
Duas não deixam o micro. Uma só sabe cantar a mesma canção, que leva ao desespero e desabafamos já vezes sem conta: “ Outra vez não! Canta ao menos o malhão!”
A outra, habituada aos leilões lá da freguesia para arrecadar o dinheiro para as festas da padroeira. Acaba por levar vantagem e é a cicerone numa festa, toda ela divertida.
Chegam as prendas num sorteio de risos porque se adivinha quem vai ser o contemplado.
Prendas para todos num momento de enorme empatia que deixam a alegria estampada nos rostos, numa noite que ainda é uma criança.
Procura-se músicas, do agrado desta gente e toca a dar ao pé num comboiozinho por entre mesas e desvios de cadeiras à passagem para dar espaço ao bailinho da madeira.
Por fim chega a hora de regressar, numa noite amena depois do frio recente.
Gostei deste grupo ainda recente na minha vida.
Boa gente e acima de tudo muito divertida. Só assim se passou uma noite que fica para recordar.

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