domingo, 26 de dezembro de 2010
A Nossa Vida é um Livro
Um livro que se vai escrevendo no desenrolar do nosso dia-a-dia, sem tempo para correcções, mas com pormenores de eleição.
Os primeiros anos são simples e puros. Ingénuos e transparentes.
Com meia dúzia de lágrimas e uma mão cheia de diabruras próprias da idade que felizmente não deixaram marcas, para figurar como tatuagens, que destapam o que passamos a vida a cobrir.
Até a esta fase, temos um quarto do livro concretizado. Quase cor-de-rosa, cheio de anotações curiosas, de uma infância mais ou menos carinhosa, dada por quem só ofereceu o que lhe ensinaram e a mais não foi obrigado.
As folhas amontoam-se ordenadamente, ganhando forma com o avançar dos anos.
A escola preenche grande parte dessa passagem manuscrita, onde sobressai os namoricos envergonhados e as negativas que só podiam ser duas, senão lá se ia o ano, numa época onde poucos chegavam a doutores e a maioria deixava os estudos pelo caminho.
Foi o que aconteceu comigo!
E o trabalho ainda bem cedo chamou-me para uma realidade bem diferente que alterou a história até aí do livro e virou para a resenha profissional como prato forte do dia (dessa época).
Trabalho e mais trabalho. Futebol sempre o futebol. Amores um pouco intensos para a idade e estudo pela noite dentro. Eis a fórmula de chegar ao meio do meu livro que se preparava para entrar na fase da viragem já a maturar uma idade que ameaçava descendentes.
Os filhos encheram a casa, em ritmo esperado num consenso acordado.
A união ganhou força contra os ventos do inicio, onde nada se tinha e tudo era necessário.
Mas as marés bem bravas, com o decorrer da liça caseira e do amor que enchia o lar, abrandaram de intensidade e passaram a ser o baptismo de banho aos pequenotes de pila ao léu.
Era uma fase linda, onde nada faltava. Mas saia do corpo mais a um de que a outro, o esforço que em muitos casos, roubava horas aos filhos e abandono da cama fofinha, ainda o dia esfregava os olhos.
E o livro vai tomando forma, com as dedadas bem visíveis no fundo das folhas, já que o recordar é viver e o vira de folha em folha é constante.
Meio livro preenchido num rápido chegar à meia-idade (ainda não lá cheguei), que parecia tão distante e agora está batendo à porta sem passadeira vermelha para a receber.
Chegaram os sobressaltos onde, claro que nem tudo, poderiam ser rosas.
Sobressaltos profissionais que originam despistes emocionais. Numa altura de poucas ofertas e procuras em cotoveladas.
Mas o caminho é olhar em frente nesta fase urgente, que deixa sem saudades um ano fastidioso e vai receber o novo já daqui uns dias, que todos prevêem ser o deixar irremediavelmente para trás, quem não tem estofo para acompanhar o pelotão da frente rumo ao futuro tão premente.
O livro já tem nome: Lavra o caminho que falta, porque o outro já deu frutos!
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