A
Páscoa abre a porta para entrar a ressurreição e por isso a janela ficou
fechada nesta quadra.
Não te
vi, não te senti!
Assim sendo,
carreguei a cruz aos ombros na esperança de que Cristo ao ressuscitar,
ressuscitasse a tua imagem.
Eu bem
sei que estás ao pé de mim meu anjo e quando te quiser sentir é só fechar os
olhos e deixar-me fluir!
Também
sei, que o mesmo se passa contigo, beleza racional, que foge a sete léguas para
não se deixar embrenhar pela paixão que uma presença obriga.
Tens a
tua vida, onde a minha imagem te consome grande parte do dia. Dá-te o longo
sorriso, que não o queres partilhar com ninguém, ciumenta de uma figa, por isso
te ris para dentro, porque te sentes tão feliz, que ninguém merece partilhar
esse sentimento.
Percorre-te
o corpo de tremuras, abanando-te o coração, obrigando-o a sugar todo o sangue
para si, não vá rebentar perante o fluxo de adrenalina.
Eriça-te
os pêlos, dilatando-te os poros desse desejoso corpo. E num êxtase paradisíaco
não abres os olhos, imaginando-te no meu colo, é tão bom dizes tu, é tão bom….
Mas há mais!
Passeamos
longe de tudo e de todos, pelos caminhos que se abrem à nossa passagem. A
natureza contempla o amor e cede-lhe a passagem por mais que a floresta se
mostre impenetrável.
Abres
os braços, chamando-me quando eu dou um passo atrás, para colher a orquídea que
apresso-me a oferecer-te.
Que
loucura sentir o teu corpo tocar o meu!
A
orquídea que originou este transformar de dois corpos num só, serve agora de
almofada para que a tua cabeça repouse, enquanto a minha se encosta ao teu
peito e houve o som do prazer, brotando como uma chama, incendiando tudo em
redor, num vermelho tão vivo que em vez de se alastrar e denunciar a nossa
presença. Contem-se em nosso redor, formando um círculo impenetrável que obriga
o dia a não ter fim.
Adormecemos pelo cansaço deste estonteante
cenário. Que sensação deliciosa!
Acordas
ouvindo-me cantar, uma canção tão linda. Que te embala neste porto de abrigo
delicioso!
A
melodia estende-se e salta de árvore em árvore. Que se vergam à sua passagem.
Por fim
regressamos. A nossa roupa cheira à relva fresca e os nossos corpos estão pegajosos
de amor real. O seu suco regou a nossa sede, tão visível nos nossos olhos, que
só nos saciou porque o amor é inesgotável.
Abra
ou a deixe fechada, a janela sente-se abençoada!
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